Economia

Comércio exterior registra queda de 18% no ano

O comércio exterior brasileiro está sentindo os reflexos da desaceleração econômica. Nos cinco primeiros meses deste ano, a corrente de comércio do País foi de US$ 151,7 bilhões, uma queda de 18% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

A corrente de comércio é calculada com base na soma das exportações e importações e pode ser um termômetro do desempenho da economia. No ano passado, a corrente apresentou um leve recuo, mas uma retração tão forte não era registrada nesse período desde 2009, quando a economia mundial sofria os abalos da crise internacional. Entre janeiro e maio daquele ano, a queda foi de 25% ante o mesmo período de 2008.

“O que gera atividade econômica é a corrente de comércio. Quanto mais um país exporta ou importa, mais ele tende a gerar atividade econômica”, afirma José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “A corrente de comércio precisa crescer, mas no Brasil, nos últimos anos, está ocorrendo exatamente o inverso”, diz.

Nos cinco primeiro meses de 2015, as importações recuaram 18,1%. Uma boa parte dessa queda pode ser atribuída à recessão, que faz o País demandar menos produtos do exterior. A desaceleração brasileira ficou evidente no primeiro trimestre, quando o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,2% na comparação com o último trimestre de 2014. Para o ano, os economistas consultados pelo relatório Focus, do Banco Central, esperam uma retração de 1,27%.

“A demanda brasileira é menor por causa da atividade mais fraca e da renda crescendo menos”, afirma Bruno Lavieri, economista da Tendências Consultoria Integrada. “Nesse cenário há ainda o novo patamar do câmbio como agravante”, diz.

No lado das exportações, a queda foi de 16,2%. A balança comercial brasileira tem sido afetada pela retração dos preços das commodities no mercado internacional por causa da expectativa de menor crescimento da economia chinesa, grande compradora de produtos básicos.

A pauta brasileira é extremamente dependente da venda de produtos básicos. Nos primeiros cinco meses desse ano, por exemplo, eles responderam por 46,2% do total vendido.

“Houve uma retração muito forte no preço de alguns produtos básicos. Pelo fato de o Brasil ter se aprofundado nessa dependência, se torna mais vulnerável numa situação de queda de preço das commodities”, afirma Lavieri.

A retração de preços dos produtos básicos se agrava porque ela não é compensada pelos manufaturados, mesmo com o novo patamar do câmbio. A indústria brasileira ainda se recente da falta de competitividade agravada nos últimos anos e da perda de mercado internacional.

“O Brasil precisa voltar a exportar manufaturados, mas para isso é preciso fazer as reformas estruturais, como a tributária, trabalhista e previdenciária. O investimento em infraestrutura também é fundamental para reduzir o custo”, afirma Castro, da AEB. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Posso ajudar?