Só os aposentados e pensionistas da Previdência escaparam da freada do crédito. Em fevereiro, a única linha de financiamento que registrou aumento no ritmo de concessões foi a do crédito consignado dos beneficiários do INSS. Nessa modalidade de financiamento, onde o desconto da prestação do empréstimo é feito antes de o benefício chegar ao bolso do aposentado ou pensionista, houve acréscimo de 1,6% nos financiamentos aprovados. Segundo o Relatório de Crédito do Banco Central, em fevereiro os aposentados e pensionistas tomaram R$ 4,213 bilhões em novos empréstimos.
Enquanto houve um avanço, ainda que pequeno, no crédito para aposentados e beneficiários da Previdência, nas demais linhas de financiamentos voltadas a pessoas físicas as concessões deram marcha à ré, com recuos expressivos até mesmo nos empréstimos consignados para os trabalhadores do setor privado (-12,8%) e do serviço público (-4,5%).
De janeiro para fevereiro, a retração nos novos empréstimos atingiu também o crédito tapa-buraco, ou seja, aquele financiamento mais caro usado em situações de emergência. Nesse rol estão o cheque especial, que teve queda de 3% nas concessões, o crédito pessoal não consignado (-9,8%) e o cartão de crédito (-8,5%), com retração em todas as modalidades – à vista, rotativo e parcelado.
O tombo na tomada de novos financiamentos foi ainda maior nas linhas atreladas à compra de um bem. Em veículos, por exemplo, os novos empréstimos caíram 23,5%. Em outros bens, a retração foi de 17% em fevereiro ante janeiro.
“A demanda de crédito hoje é por dinheiro e não para consumo”, afirma o economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Nicola Tingas. Segundo ele, o aumento da inflação, da taxa de juros e o desaquecimento do mercado de trabalho afetaram a capacidade das famílias de fechar as contas no final do mês. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.