O dólar finalmente fechou abaixo de R$ 3 pela primeira vez desde 4 de março, embalado pelo comportamento externo de queda da moeda e com ajuda de fatores domésticos, como a divulgação do balanço da Petrobras e o cenário político menos tenso. O dólar à vista fechou em baixa de 1,13%, a R$ 2,9780, nesta quinta-feira, 23, a terceira queda seguida e o menor patamar desde 2 de março (R$ 2,8930). Oscilou da máxima de R$ 3,0310 à mínima de R$ 2,9740 (-1,26%). O volume no mercado à vista às 16h48 era de US$ 1,346 bilhão. Nesse horário, o dólar para maio caía 1,11%, a R$ 2,988.
A moeda abriu em baixa, em linha com o comportamento externo, mas ainda pela manhã inverteu e passou a subir, com o mercado digerindo a divulgação do balanço da Petrobras e a aprovação do projeto ontem na Câmara que permite ampliar a terceirização do trabalho no País à atividade-fim das empresas. Ainda pela manhã, voltou a cair pela força do exterior, após dados da economia dos EUA enfraquecerem a aposta de antecipação do aumento do juro norte-americano.
A venda de moradias novas cederam 11,4% em março, a maior queda desde julho de 2013. Além disso, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) de Kansas City informou que seu índice de atividade industrial regional composto caiu para -7 em abril, de -4 em março.
Adicionalmente, na China, o índice dos gerentes de compras da indústria, calculado pelo HSBC, caiu para 49,2 pontos na prévia em abril, menor nível em 12 meses. E o PMI composto da zona do euro teve declínio a 53,3 em abril, contrariando a previsão de avanço para 54,4. Os números reforçam a percepção de que a liquidez continuará farta no globo por algum tempo, estimulando a busca por risco.
No Brasil, investidores consideraram um alívio a divulgação do balanço auditado da Petrobras, sem ressalvas, ainda que as perdas com corrupção e desvalorização de ativos tenham chegado perto de R$ 51 bilhões e o prejuízo em 2014 tenha sido de R$ 21,587 bilhões. A avaliação é de que, ainda que não represente a solução dos problemas da estatal, a publicação do balanço afasta no curto prazo algumas preocupações, como a exigência de pagamento antecipado das dívidas por credores.