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Por 2018, Alckmin atua para controlar prévias do PSDB

Postulante à vaga do PSDB na disputa pela Presidência em 2018, o governador Geraldo Alckmin montou um grupo formado por dirigentes de partidos aliados para impedir que o candidato à Prefeitura de São Paulo da legenda em 2016 seja um nome não alinhado com seu projeto nacional.

A articulação feita nos bastidores do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, envolve líderes de DEM, PPS, PSB e PV, siglas que orbitam na área de influência do governador no plano regional e com as quais ele mantém bom diálogo também na esfera nacional.

Segundo relatos de integrantes das cúpulas desses quatro partidos, Alckmin já havia reunido os caciques após ser reeleito no 1.º turno do ano passado para começar a montagem de uma estrutura política nacional que desse suporte a sua eventual candidatura ao Palácio do Planalto. A movimentação desse grupo, porém, ganhou uma nova dinâmica depois que a candidatura do vereador Andrea Matarazzo a prefeito “fugiu ao controle” do governador.

Em caráter reservado, aliados de Alckmin com trânsito no Palácio dos Bandeirantes dizem que Matarazzo, considerado próximo do senador José Serra, que também planeja disputar a Presidência, tentou “emparedar” o governador ao articular, à sua revelia, o suporte dos principais quadros do partido ao seu projeto. Matarazzo rechaça essa argumentação e também se diz um aliado de Geraldo Alckmin, de quem foi secretário no governo paulista.

O sinal amarelo do bloco “alckmista” foi aceso no começo de setembro, quando Matarazzo recebeu o apoio público do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dos senadores José Serra e Aloysio Nunes e do ex-governador Alberto Goldman durante um jantar na casa do ex-ministro José Gregori.

As reservas do governador em relação a Matarazzo, entretanto, não se resumem à proximidade do vereador com Serra. Na árvore genealógica do PSDB, Alckmin despontou na política paulista pelas mãos de Mário Covas, de quem foi vice governador em 1994, ano em que Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente da República. Enquanto Matarazzo fez parte do núcleo de tucanos paulista que participou do primeiro escalão do governo FHC, Alckmin, que começou sua carreira como vereador em Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, construiu em São Paulo seu próprio campo político e se impôs como liderança nacional.

Mudança de sigla. No entorno mais próximo do governador circula a versão de que ele tenta pavimentar seu caminho para 2018 pelo PSDB, mas que se isso não for possível Alckmin poderia concorrer à Presidência por outra sigla ou por um novo partido que fosse resultado de uma fusão de legendas oposicionistas. Um eventual descolamento do governador do partido causaria um terremoto na oposição. “São Paulo é a ponta de um iceberg nacional. O PSDB ainda não entendeu isso”, diz um integrante do primeiro escalão do governo paulista.

Para sair da defensiva na capital, o governador sinalizou ao grupo de tucanos “de Brasília” que pode implodir as pretensões de Matarazzo, tirando dele a possibilidade de montar um palanque competitivo em 2016. “Os aliados de Alckmin estão mais sintonizados com o governador do que o próprio PSDB. E o governador começa a ficar numa situação em que ele pensa assim: o PSDB não me consulta, não me pergunta nada. Então, pelo jeito, não quer meu apoio. Sendo assim, escolham (os aliados) um candidato que eu vou seguir a minha vida”, diz Rodrigo Garcia, presidente do DEM paulista e secretário de Habitação do Estado.

“Uma candidatura alternativa em São Paulo é algo que pode ser discutida agora pelo PPS, PSB, PV e até com a Rede”, diz o presidente do PPS, Roberto Freire. “Nas eleições municipais, nós não vamos ficar aliados com a oposição ao Geraldo Alckmin nem com quem quer que seja adversário dele. Em partidos que são aliados, a gente pode criar outras alternativas”, completa o chefe do PPS.

Disputa municipal. O governador trabalha, por ora, com uma lista de quatro nomes: os deputados Ricardo Tripoli e Bruno Covas, o ex-deputado José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, do PSDB nacional, e correndo por fora o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez. Outra opção era o secretário de Segurança Pública, Alexandre Moraes, que é filiado ao PMDB. Seu nome, porém, sofreu forte resistência interna da militância tucana, que não aceitaria um “cristão novo” na disputa.

Para mostrar que não está blefando, o governador pediu que seu vice, Márcio França, presidente do PSB paulista, mudasse seu título de eleitor da Baixada Santista para a capital, o que foi prontamente atendido.

Em outra frente, o governador “turbinou” a candidatura do empresário João Doria Jr. e escalou tucanos de sua confiança para ajudá-lo a conquistar apoio na base do partido.

Apesar de não ser o nome preferido do governador, Doria é visto como um aliado “leal” e 100% afinado com o projeto nacional de Alckmin. “Sem desmerecer outros quadros do Estado, o governador Geraldo Alckmin é a maior liderança de São Paulo. Quem tem voto e quem tem força em São Paulo é ele. Nada pode avançar sem a concordância dele”, diz.

“Só uma pessoa pode pedir que eu retire minha candidatura: o governador Geraldo Alckmin. Se ele solicitar isso, será uma determinação”, completa.

Quando questionado se abriria mão de sua candidatura a pedido de Alckmin, Matarazzo não é tão contundente. “Trata-se de um cenário político, não de uma empresa. A palavra final será também do governador.”

Até o momento, Andrea e Doria são os únicos formalmente inscritos para disputar as prévias do partido. “Discutir isso agora é chover no molhado. O grande eleitor é o Geraldo Alckmin”, diz José Aníbal. Os dois nomes do PSDB que seriam considerados candidatos naturais à Prefeitura de São Paulo, José Serra e Aloysio Nunes, que foi candidato a vice de Aécio Neves em 2014, garantiram ao partido que não se apresentarão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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