A alavancagem líquida da Petrobras, medida pela relação entre endividamento líquido e patrimônio líquido, fechou o segundo trimestre em 51%, praticamente estável em relação à marca de 52% registrada no final do primeiro trimestre. O indicador permanece, dessa forma, acima do patamar de 35% considerado desejado pela Petrobras e não respeitado desde o terceiro trimestre de 2013. Naquele trimestre, a alavancagem atingiu 36%, número que não parou de subir até ultrapassar a barreira dos 40% no decorrer de 2014 e dos 50% no início deste ano.
Já a relação entre dívida líquida e Ebitda oscilou de 3,86 vezes no final do primeiro trimestre para 4,64 vezes no final do segundo trimestre, o que indica que a Petrobras precisaria de 4,64 anos de Ebitda estável para liquidar montante equivalente a seu endividamento líquido. A alta, nesse caso, reflete principalmente o resultado mais fraco do Ebitda ajustado do segundo trimestre, em relação ao número do primeiro trimestre deste ano.
O indicador, que deveria estar abaixo de 2,5 vezes, também superou os limites desejados pela estatal e só deve retornar a patamares considerados aceitáveis no final da década. Esta é a previsão revelada pela própria Petrobras, no Plano de Negócios e Gestão 2015-2019. O planejamento da estatal projeta que a relação entre dívida líquida e Ebitda deve ser inferior a 3 vezes até 2018 e abaixo de 2,5 vezes até 2020.
No caso da alavancagem líquida, a previsão pessimista se repete. O prazo de 2018 foi citado como limite para que o indicador caia abaixo de 40%. O desejado patamar de menos de 35% deve ser alcançado até 2020.
O nível de endividamento da estatal ganhou importância em 2010, ano em que a estatal realizou sua megacapitalização de mais R$ 120 bilhões. Na oportunidade, uma das razões para que a Petrobras anunciasse a operação foi justamente a preocupação de que a alavancagem líquida superasse 35% e colocasse em risco a condição de grau de investimento concedido pelas agências de classificação de risco.
Concluída a operação, a alavancagem da estatal caiu de 34% no segundo trimestre para 16% no terceiro trimestre de 2010. Desde então, porém, o indicador manteve trajetória ascendente, influenciado principalmente pela tendência de valorização do dólar ante o real.
Dívida
O material de divulgação com os resultados do segundo trimestre aponta que a dívida bruta da estatal alcançou R$ 415,5 bilhões no final do segundo trimestre de 2015, uma elevação de 3,7%, ou R$ 15 bilhões, em apenas três meses. A alta já era esperada pelo mercado, dado que a estatal realizou uma série de operações de captação de recursos, principalmente no mercado internacional.
A tendência de alta reflete principalmente o movimento de valorização do dólar ante o real. A dívida bruta, com isso, mais do que dobrou desde o início de 2013, quando ainda era inferior a R$ 200 bilhões.
Já o volume de recursos em caixa, incluindo títulos federais, totalizava R$ 91,636 bilhões no final de junho, uma elevação de 34,4% em relação ao fechamento do primeiro trimestre. A dívida líquida da Petrobras, dessa forma, somava R$ 323,913 bilhões em junho, queda de 2,6% sobre o número de março.