O líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), considera que a tentativa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de acelerar a votação do pacote das 10 medidas anticorrupção na noite desta quarta-feira, 30, foi motivada pelas declarações feitas pelos coordenadores da força-tarefa da Lava Jato. Eles afirmaram que abandonariam as investigações caso o presidente Michel Temer sancionasse o texto aprovado pela Câmara.
Para Jucá, as declarações dos procuradores “não ajudam”. “É o tipo de manifestação que atrapalha as relações dos poderes. Talvez a tentativa de votação em regime de urgência foi feita como resposta a essas declarações. A rapidez sem conhecer a matéria também não ajuda”, criticou o peemedebista.
Interlocutores de Renan afirmam que ele ficou irritado com as ameaças dos coordenadores da Lava Jato e iniciou uma articulação com Eunício Oliveira (PMDB-CE) e outros líderes partidários para votar o texto ainda nesta quarta. Jucá avaliou que a tentativa de votar o pacote, que acabou falhando, pareceu uma “coisa meio atrapalhada”. Para ele, todos sabem que os senadores não votam matérias sem ter conhecimento do texto na íntegra. O líder do governo disse que também não viu ainda o teor do projeto aprovado na Câmara e que nesta quinta-feira, 1, vai se “debruçar” na proposta para discuti-lo com Temer. O peemedebista justificou que não votou porque estava reunido com o presidente da República instantes antes da votação.
“Esse é o tipo de matéria que será votada dependendo da posição de cada senador. É preciso ter calma e responsabilidade”, defendeu Jucá. Ele evitou responder sobre quando o pacote deverá ser votado novamente no plenário, mas admitiu que o tema “tumultua” a agenda defendida pelo governo. (fim)