A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou nesta quarta-feira, 4, os resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2015. Os resultados mostram que mais da metade das rodovias brasileiras estão em situação regular, ruim ou péssima, por causa de problemas gerais de pavimentação, sinalização e de traçado da via. Dos 100 mil km analisados pela instituição, 6,3% estão em péssimo estado, 16,1% em situação ruim e 34,9% em condição regular. Outros 42,7% tiveram classificação como ótimo ou bom.
O levantamento, que está em sua 19ª edição, ultrapassou a marca dos 100 mil quilômetros pesquisados, incluindo os 55 mil km das rodovias federais e os principais trechos de estradas estaduais. Segundo a CNT, há um total de 1,720 milhão de km de vias no Brasil, sendo apenas 12,4% pavimentados.
Quando observada apenas a situação do pavimento, o resultado mostra que 48,6% têm algum tipo de deficiência. Em relação à sinalização, os problemas aparecem em 51,4% da extensão avaliada. Sobre a geometria da via, 77,2% têm condições inadequadas de traçado.
O levantamento revela ainda que 86,5% dos trechos analisados são rodovias simples de mão dupla. Além disso, apenas 60% das malhas têm acostamento. Quanto a curvas perigosas, 42% desses trechos não possuem placas de alerta para o motorista. Quando analisadas as condições apenas das rodovias federais, 51,9% estão em condições ruins ou péssimas. “O que nos preocupa é que há trechos de estradas no Brasil que não melhoram nunca”, disse Bruno Batista, diretor executivo da CNT.
No ranking das melhores estradas do País, a melhor ligação rodoviária do Brasil é o trecho que liga as cidades de São Paulo e Limeira, englobando a SP-310, a BR-364 e a SP-348. Todas as 10 melhores estradas que aparecem no ranking têm em comum o fato de que são concedidas à iniciativa privada, cobram pedágio e passam pelo Estado de São Paulo. O pior trecho de estrada do País é a ligação entre os municípios de Marabá e Dom Eliseu, no Pará, a BR-222.
Perdas
As estimativas apontam que R$ 46,8 bilhões foram perdidos em 2014 devido a deficiências no pavimento das estradas. No ano passado, ocorreram 169.153 acidentes rodoviários, com 8.227 vítimas fatais. O custo dos acidentes foi de R$ 12,3 bilhões.
Segundo a CNT, o governo investiu R$ 9 bilhões em seus 55 mil km de rodovias federais, enquanto as concessionárias gastaram R$ 6,9 bilhões em 16,5 mil km. Na média, o poder público injetou R$ 165 mil por quilômetro de rodovia que gerencia, enquanto a média da iniciativa privada foi de R$ 422 mil por km.
A CNT apontou 618 projetos prioritários, que custariam R$ 294 bilhões em investimentos. Se considerados as perdas do País com a precariedade das estradas e seus gastos com acidentes, disse Bruno Batista, todos esses trajetos seriam atendidos no prazo de cinco anos.
O estudo anual avalia as condições do estado geral, do pavimento, da sinalização e da geometria da via. Também são apontados os pontos críticos e o impacto que o estado das rodovias tem no custo operacional do transporte rodoviário. São consideradas, ainda, as situações viárias por tipo de gestão – pública ou concedida – por Estado e região geográfica.
A pesquisa tem o intuito de ajudar na orientação de políticas públicas, projetos privados e programas governamentais para a promoção do desenvolvimento do transporte rodoviário de cargas e de passageiros.
O diretor da CNT Vander Costa disse que a iniciativa privada é o que tem dado respostas mais efetivas de qualidade às estradas do País.