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Depoimentos apontam para envolvimento de ex-prefeito de Unaí em chacina

No primeiro dia do julgamento do fazendeiro e ex-prefeito de Unaí (MG) Antério Mânica, acusado de ser um dos mandantes da chacina que aconteceu na zona rural da cidade em janeiro de 2004, o delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, Wagner Pinto de Souza, depôs como testemunha de acusação e afirmou que Antério participou do crime.

Segundo o delegado, a presença de um veículo Fiat Marea, que pertenceria a Antério, próximo a um posto de gasolina na noite anterior à chacina, onde se encontraram os pistoleiros contratados para os assassinatos e o cerealista José Alberto de Castro – condenado na semana passado acusado de ser um dos mandantes do crime -, é uma das provas da participação do ex-prefeito nas mortes.

Na semana passada, o irmão de Antério, Norberto Mânica, foi condenado a 100 anos de prisão. Ele também é acusado de ser mandante do crime.

Conforme o delegado, outra prova de participação de Antério no crime seriam ligações telefônicas do ex-prefeito para o escritório da Delegacia Regional do Trabalho em Paracatu, cidade próxima a Unaí, pedindo informações sobre os fiscais e o motorista mortos.

Os telefonemas ocorreram em horário próximo ao dos assassinatos, que aconteceram por volta das 9 horas. “Os dois elementos (telefonemas e o veículo) são importantíssimos na investigação”, afirmou o delegado, durante o depoimento.

Confirmações

As declarações do delegado se confirmaram em outros dois depoimentos prestados nesta quarta-feira, 4. O pistoleiro Erinaldo de Vasconcelos Silva, um dos condenados pelos assassinatos, confirmou que, na noite anterior à chacina, encontrou-se com José Alberto de Castro em um posto de gasolina onde viu um veículo Fiat Marea estacionado. O pistoleiro, no entanto, não soube dizer quem estava dentro do carro. Silva afirma ter sido contratado para os homicídios a mando de “fazendeiros”.

A servidora da Delegacia Regional do Trabalho de Paracatu Rita Cristina Carneiro disse ter atendido duas ligações de Antério Mânica. Na primeira, o fazendeiro teria perguntado se todos teriam morrido. Na segunda, afirmou que os quatro estavam mortos. A presença do automóvel na região e as supostas ligações são os principais pontos do Ministério Público Federal para a sustentação de que Antério também é um dos mandantes dos assassinatos.

A chacina de Unaí aconteceu em 28 de janeiro de 2004. Na ocasião, foram mortos os fiscais Nelson José da Silva, Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e o motorista Ailton Pereira de Oliveira. Os quatro foram assassinados dentro de um veículo oficial do Ministério do Trabalho em uma estrada vicinal da zona rural de Unaí enquanto fiscalizavam propriedades rurais suspeitas de irregularidades trabalhistas, entre as quais fazendas da família Mânica.

O advogado de Antério Mânica, Marcelo Leonardo, afirma não acreditar na condenação de seu cliente. “Não conseguiram produzir provas nos últimos 11 anos de investigação. A questão do Marea (o veículo visto próximo ao posto onde ocorria a reunião entre o grupo que tramava a morte dos servidores) será esclarecida e vocês terão a oportunidade de ficar sabendo”, afirmou o advogado se dirigindo à repórteres. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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