O interrogatório de Elize Matsunaga, acusada de assassinar e esquartejar o marido, em maio de 2012, deve acontecer neste sábado, 3, no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste da capital. Ré confessa, ela já contou à Polícia Civil e à Justiça, em oportunidades anteriores, que atirou no empresário Marcos Kitano Matsunaga, herdeiro da Yoki, cortou o corpo em sete partes e jogou à beira de uma estrada de Cotia, na Grande São Paulo.
A expectativa é de que o julgamento seja encerrado na passagem entre sábado e domingo, dia 4. A sessão será retomada ainda pela manhã pelo juiz Adilson Paukoski com leitura de peças do processo, que incluem depoimentos de testemunhas que não foram ouvidas pelo júri. Entre elas, está o reverendo Renè Henrique Gotz Licht, uma espécie de guru espiritual do casal. Segundo testemunhas, Licht alertou Marcos sobre os riscos de Elize atacá-lo e sugeriu que ele “quebrasse a chave dentro do cofre”, onde eram guardadas as armas de fogo dos Matsunaga.
Após a leitura, tem início o interrogatório da ré, fase que deve durar, no mínimo, quatro horas. Segundo os advogados de defesa, Elize não responderá às perguntas do Ministério Público Estadual (MPE), nem da assistência de acusação. Antes da sentença, há a fase de debates, com no máximo cinco horas de duração, incluindo réplica e tréplica.
A escuta de testemunha foi encerrada na noite desta sexta-feira, 2, com depoimentos de Tânia Aparecida Esteves e José Américo Machado. Os dois foram colegas de Elize no curso de Direito e convocados a depor pela defesa da ré. Segundo afirmaram, Elize era uma aluna aplicada e de poucos amigos. Eles também relataram episódios em que era vítima de ciúmes de Marcos. “Não vão transformar minha amiga em uma bruxa”, disse Machado.
Ao todo, as partes ouviram 16 testemunhas: sete do Ministério Público Estadual (MPE), duas da assistência de acusação, duas em comum e cinco da defesa. Outras cinco pessoas, que haviam sido incluídas no julgamento, foram dispensadas. O depoimentos mais longo foi do perito criminal e médico legista Sami El Jundi, que durou quase dez horas.
Elize é julgada por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vitima), além de destruição e ocultação de cadáver.
Interesse
Durante o julgamento, o interesse no caso demonstrado pelo Conselho de Sentença, formado por quatro mulheres e três anos, tem chamado a atenção das partes. Só nos últimos dois dias, os jurados fizeram cerca de 150 perguntas às testemunhas.
“Já fiz alguns júris na minha vida, nunca vi um conselho tão participativo”, afirmou a advogada Roselle Soglio, que representa Elize. “São pessoas que estão interessadas na verdade e querem saber o exato momento da morte do Marcos.” “A curiosidade é própria do ser humano”, comentou o promotor José Carlos Cosenzo, que também afirmou nunca ter visto conselho “tão participativo”.
Entre os membros do Conselho, está uma jornalista, uma professora e um estudante de Direito. Há também uma empresária e uma corretora de imóveis, além de um bancário e um comerciante.