O ministro Raimundo Carreiro tomou posse nesta quarta-feira, 14, como novo presidente do Tribunal de Contas da União (TCU). O mandato é de um ano, mas a tradição na Corte é de que ele seja renovado, por meio de eleições, por igual período. O ministro José Múcio Monteiro assumiu a Vice-Presidência e a Corregedoria do TCU.
Em discurso na solenidade de posse, Carreiro se comprometeu a fortalecer a fiscalização das atividades do poder público, tarefa do TCU, valorizando os talentos do tribunal, em prol da boa aplicação de recursos públicos e do combate aos desvios. Ele exaltou a importância do controle exercido pela sociedade sobre os gastos do governo.
Natural de Benedito Leite (MA), Carreiro fez carreira em Brasília a partir de 1968, como servidor público do Senado. Em 2007, após 16 anos como secretário-geral da Mesa da Casa, foi indicado para o cargo de ministro do TCU. Teve apoio do ex-presidente e ex-senador José Sarney (PMDB-MA), considerado seu padrinho político, para conseguir os votos necessários entre os congressistas.
Nesta quarta, Sarney assistiu à solenidade de posse na primeira fila. Participaram o presidente Michel Temer e alguns de seus ministros, como Eliseu Padilha (Casa Civil), Alexandre de Moraes (Justiça), Mendonça Filho (Educação) e Maurício Quintella (Transportes). Estiveram no evento alguns governadores, como Luiz Fernando Pezão (Rio de Janeiro), Rodrigo Rollemberg (Distrito Federal) e Paulo Hartung (Espírito Santo). O presidente do Senado, Renan Calheiros, e os ministros do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, também prestigiaram a posse.
Algumas autoridades estavam só de “corpo presente”. Passaram quase toda a cerimônia navegando nas telas de seus celulares.
Em quase nove anos de TCU, Carreiro foi relator de 14.480 decisões e presidiu 156 sessões colegiadas. Ele vai suceder ao ministro Aroldo Cedraz, que comandou o tribunal por dois anos. Ambos estão envolvidos no escândalo de corrupção da Lava Jato.
O delator Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, afirmou em seus depoimentos ter pago R$ 1 milhão para que o filho de Aroldo, Tiago Cedraz, influenciasse decisão e obtivesse informações de um processo que travava de obra bilionária na Usina de Angra 3. O colaborador sugeriu que o dinheiro pode ter tido Carreiro como destinatário. O caso está sendo investigado perante o Supremo Tribunal Federal (STF). Os três citados negam envolvimento em quaisquer irregularidades.
Na solenidade desta quarta, não houve referências ao escândalo sobre os ministros, mas elogios à Lava Jato. Ao discursar, o procurador-geral do Ministério Público que atua no TCU, Paulo Soares Bugarin, chamou a operação de paradigmática.