Economia

Líder em veículos comerciais, Man Latin America tem 80% de ociosidade na produção

Diante da falta de reação do mercado automotivo no Brasil, a MAN Latin America, responsável por fabricar caminhões e ônibus da Volkswagen e caminhões da MAN, opera com 80% de ociosidade em sua produção, informou na manhã desta quarta-feira, 13, o presidente da empresa no Brasil, Roberto Cortês.

A fábrica da montadora, instalada em Resende, no Rio de Janeiro, tem capacidade para produzir 100 mil unidades por ano. O potencial de produção da MAN é mais do que suficiente para atender à demanda esperada pela própria empresa para todo o mercado de caminhões e ônibus em 2016, de algo em torno de 70 mil unidades.

Hoje, a fábrica opera em apenas um turno, durante quatro dias úteis na semana, o que resulta na produção de 110 unidades por dia. No auge do setor, em 2012, esse ritmo chegou a 400 unidades por dia, com três turnos e cinco dias por semana.

O corte se deve principalmente à queda na demanda. A venda de caminhões e ônibus terminou o primeiro trimestre com retração de 43% em relação a igual período do ano passado, para cerca de 15 mil unidades. Há cinco anos, no primeiro trimestre de 2011, eram 47 mil unidades. De lá para cá, o recuo acumulado é de 70%. Sem demanda, os estoques da montadora são suficientes para 60 dias de venda, enquanto o setor considera que o ideal é manter estoques para 30 dias.

Para reduzir a produção, a MAN diminuiu a jornada de funcionários em 10%, aderiu ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE), do governo federal, recorreu ao lay-off (suspensão temporária de contratos) e às férias coletivas, e abriu um Programa de Demissão Voluntária (PDV).

Este último, realizado neste ano, resultou no desligamento de cerca de 400 trabalhadores. Segundo Cortês, a fábrica de Resende conta hoje com 3,5 mil funcionários.

Além disso, o presidente da empresa afirmou que a MAN, líder do mercado brasileiro de veículos comerciais há 13 anos, pretende cortar 30% de todas as suas despesas e “fazer de tudo” para repassar parte do aumento do custo ao preço dos veículos. “Não queremos ir contra a lei da economia (de oferta e demanda), mas temos de fazer isso por questão de sobrevivência”, explicou.

As medidas de ajuste, segundo o executivo, param por aí. Cortês disse que a MAN já chegou ao seu piso de produção e que, a partir de agora, a tendência é de crescimento, em meio a uma nova realidade dos negócios.

“Trata-se de uma mudança de mentalidade da empresa, estamos virando a chave”, disse. Embora tenha dito isso a poucos dias da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, cuja aprovação é esperada por várias entidades empresariais por criar uma expectativa de melhora da economia, Cortês negou que a “nova mentalidade” tenha relação com a política. “Estamos apenas encerrando um ciclo de ajuste”, explicou.

O otimismo do empresário vem dos fundamentos da economia. Para ele, os sinais de recuperação estão no alto nível de reservas cambiais do País, na desaceleração da inflação, na flutuação do câmbio, na autonomia do Banco Central, na consciência da necessidade de redução do déficit público, na força das instituições e na liberdade de imprensa. “Essa crise tem data para acabar, só precisamos saber quando será”, disse.

Cortês também espera que, nos próximos anos, o agronegócio, um dos principais consumidores do mercado de caminhões, continue crescendo, que haja um programa de renovação de frota e que novos investimentos sejam feitos na infraestrutura do País – o que também elevaria demanda por veículos comerciais.

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