O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu nesta quarta-feira, 13, que as vulnerabilidades no Brasil ameaçam piorar, por conta da longa recessão, queda dos preços das commodities e aperto das condições financeiras. A saúde das empresas brasileiras se deteriorou e sinais de tensão começam a aparecer no sistema bancário do país, afirma o Relatório da Estabilidade Financeira Global, que avaliou 800 companhias do País.
O FMI afirma que a situação das empresas do Brasil piorou em diversos indicadores. A alavancagem aumentou, os lucros caíram, a liquidez de caixa se reduziu e a taxa de cobertura (indicador que mostra a relação entre lucros e pagamentos de juros) teve retração, sinalizando que as companhias estão usando maior parte dos ganhos para fazer face aos serviços da dívida. “As empresas não financeiras vêm acumulando vulnerabilidades nos últimos anos”, destaca o texto, que cita a Petrobras.
A petroleira tem tido aumento das taxas para tomar recursos e a preocupação sobre repagamentos da companhia podem também estar pressionando a avaliação de risco soberano. Essa pode ser uma das razões de papéis da dívida brasileira estarem embutindo prêmios maiores do que o sugerido pelo rating do país. As taxas do Credit Default Swap (CDS) do Brasil são as mais altas entre os países mostrados no documento, mesmo para mercados com piores classificações de risco, superando Turquia, Colômbia e Vietnã.
Os indicadores dos bancos brasileiros ainda estão sólidos e a rentabilidade segue alta, apesar do aumento das provisões para calotes e dA alta do custo de captação (funding). Além disso, as instituições financeiras estão bem provisionadas, com bons níveis de capital e o risco de liquidez para o sistema parece ser baixo, afirma o relatório. O FMI, porém, destaca que a recessão prolongada, o aumento do desemprego e a queda dos lucros das empresas provavelmente vão colocar pressão nos balanços dos bancos.
O relatório nota que a alta da inadimplência já vem sendo verificada em alguns segmentos, como agricultura e cartões. Há ainda “sinais nascentes” de problemas mais amplos na qualidade dos ativos, particularmente no setor corporativo. O relatório ressalta que houve “notável aumento” nos pedidos de falência e recuperação judicial no Brasil. Para o desemprego, o FMI projeta aumento importante da taxa no Brasil, passando de 6,8% em 2015 para 10,2% em 2017.
Inflação
A inflação persistentemente elevada no Brasil deixa pouco espaço para corte de juros no País, afirma o FMI no relatório. Além disso, o documento alerta que o aumento dos níveis de dívida de empresas, principalmente estatais, pode comprometer o rating soberano e a Petrobras pode estar afetando a percepção de risco do Brasil.
“Brasil e Turquia estão lidando com persistentes pressões inflacionárias, deixando pouco espaço para flexibilização da política monetária por causa do risco de que isso pode reforçar a fraqueza da moeda”, afirma o relatório do FMI.
Na medida em que piora a saúde do setor corporativo dos emergentes, incluindo em países como o Brasil, pressões para refinanciamento de passivos podem ficar mais agudas, ressalta o FMI. Esse movimento pode gerar pressão nos ratings soberanos, já que algumas destas empresas são estatais.
O texto cita como exemplo a Petrobras e destaca que preocupação e eventuais estresse sobre repagamenos da companhia podem também estar pressionando a avaliação de risco soberano do Brasil, uma das razões do Credit Default Swap (CDS) do Brasil registrar taxas mais altas que a de outros mercados, incluindo com ratings piores que o brasileiro.