Economia

Abramat estuda revisar estimativa de contração do setor para 7% em 2016

O setor de materiais de construção pode ter um ano de 2016 pior que o esperado. Após decepção com as vendas no primeiro trimestre, a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) está revisando a projeção para o ano, estimada anteriormente em contração de 4,5%, e o presidente da instituição, Walter Cover, já admite uma queda de 7%, em termos de faturamento real.

“A queda foi pior que a esperada e estamos hoje com uma retração de 17% no primeiro trimestre ante igual período do ano passado. A expectativa era de recuo de 12% neste começo de ano”, disse o executivo ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real da Agência Estado), durante o evento ConstruBR 2016. Para ele, grande parte dessa queda se deve a incertezas resultantes do ambiente político e econômico no País. “As pessoas estão postergando reformas e evitando entrar em financiamento imobiliário por causa da insegurança”, acrescentou.

A Abramat deve esperar o resultado de abril para fazer a nova projeção. “É neste mês que a tendência pode começar a mudar, com uma redução dessa diferença”, afirmou Cover. O executivo explicou que os três primeiros meses do ano passado haviam registrado vendas positivas e, com isso, a base comparativa estava muito elevada. Ele lembrou que, em 2015, o setor teve uma contração real de 12% e a baixa foi ainda pior de abril a dezembro.

Para Walter Cover, mesmo com a revisão da projeção para 2016, o ano deve ter queda menor que 2015, por causa de diminuição de importações e substituição por compras internas, diante do dólar valorizado. Além disso, o executivo apontou que a inflação está se enfraquecendo e há uma perspectiva de melhoria na percepção de renda entre os brasileiros, a partir do segundo trimestre. “Observamos também uma redução no ritmo de desemprego, o que dá sinal de que estamos saindo do fundo do poço nesse quesito”, acrescentou.

Novo governo

O presidente da Abramat também confia no efeito positivo de um desfecho da crise política. “Com o desfecho político, de um jeito ou de outro, há o elemento subjetivo de esperança de retomada da economia. Muda o clima das pessoas, o que pode ajudar um pouco”, acrescentou.

No caso de um novo governo, decorrente do eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff, o executivo disse que a gestão federal terá de aplicar uma política expansionista. “É difícil imaginar fontes de financiamento, mas sabemos que a economia brasileira sem crédito não cresce. O governo vai ter de encontrar meios para oferecer crédito imobiliário, para reformas, etc.”, afirmou.

Walter Cover disse acreditar que os programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida, devem ser mantidos, pelo menos, por enquanto e, no curto prazo, não têm risco de serem encerrados.

O executivo evitou descrever se o cenário base para o setor inclui ou não a permanência de Dilma na presidência, mas afirmou que notícias e indicadores apontam para o enfraquecimento da presidente. “Em todos os cenários, trabalhamos com uma perspectiva de melhoria da construção com o desfecho da crise política”, disse.

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