O Conselho de Administração da depositária Cetip debaterá a proposta recebida há uma semana da BM&FBovespa na próxima quarta-feira, dia 2 de março, mas a resposta à Bolsa poderá acontecer apenas na semana seguinte, apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Alguns dos principais acionistas da companhia, que tem uma base acionária bastante pulverizada, já sinalizaram que a oferta agradou e de que são favoráveis à união das duas companhias. No entanto, a americana ICE, maior acionista da Cetip com pouco mais de 12%, tem dado pouca clareza sobre seu posicionamento, segundo uma das fontes consultadas.
A Bolsa ofertou R$ 41 por ação da depositária, avaliando o negócio em R$ 10,8 bilhões. A proposta prevê que 75% do valor seja pago em dinheiro. A parcela do valor a ser paga em dinheiro estará sujeita à correção pela taxa do CDI, contando desde a data da aprovação da proposta em Assembleia Geral da Cetip até a realização efetiva do pagamento.
Alguns acionistas da Cetip já teriam manifestado a aceitação da oferta, mas ainda não sabiam dizer qual seria o posicionamento do Conselho. Entre as alternativas estão a rejeição, a recomendação ou dar continuidade à negociação, explicou uma fonte. No entanto, a BM&FBovespa deu um limite para que as empresas cheguem a um consenso: 20 dias contados a partir do recebimento da oferta, ou seja, 10 de março.
O Itaú BBA e Morgan Stanley, que foram contratados pelo Conselho da Cetip na ocasião do recebimento da oferta não vinculante, também trabalham na análise. A reunião do Conselho da companhia, na quarta-feira, já estava marcada, pois os conselheiros precisam dar seu aval ao demonstrativo financeiro da Cetip referente ao quarto trimestre do ano, a ser divulgado no dia seguinte.
Mais tempo
Caso uma decisão não seja tomada, a companhia precisará voltar a tratar do assunto no início da semana seguinte. Uma fonte disse que há uma probabilidade de que a decisão fique para outra semana dado que “vultosas negociações” estão sendo travadas, sem entrar em detalhes.
Além da aprovação dos acionistas das empresas, caso haja a recomendação por parte do Conselho da Cetip, a operação precisará, posteriormente, ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), assim como pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Uma fonte disse ainda que o fato de a Bolsa ter oferecido um ajuste baseado na taxa Selic tornou a oferta mais atrativa, visto que o tempo para aprovação pelo Cade elevará a oferta. Alguns acionistas chegaram a manifestar que “seria ainda melhor” se o pagamento da taxa Selic pudesse começar a ser contado a partir da reunião do Conselho da Cetip, e não da assembleia.
Sobre a ICE, fontes afirmaram que a bolsa americana está “silenciosa” sobre o assunto, apesar de haver uma sensação de que a companhia não tem interesse em comprar a Cetip, visto que tem algumas aquisições recentes ainda para integrar.
Procurada, a Cetip informou que “recebeu uma proposta da BM&FBovespa para a aquisição das ações da Cetip, nos termos do Fato Relevante publicado pela BM&FBovespa em 19 de fevereiro de 2016”. A companhia disse ainda que seu Conselho de Administração avaliará a proposta, em conjunto com seus assessores financeiros e jurídicos, e manterá o mercado informado nos termos da legislação vigente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.