Economia

Para BC, é condição essencial implementar programa fiscal adicional

Após apresentar uma série de indicadores negativos da economia brasileira, durante apresentação do Relatório Trimestral de Inflação apresentado nesta quinta-feira, 24, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Luiz Awazu, afirmou que a situação atual requer atenção e que a autoridade monetária reconhece que houve uma deterioração recente, o downgrade da nota soberana.

O diretor salientou ser importante não apenas reverter algumas questões econômicas negativas como também, “obviamente”, implementar o programa fiscal de ajuste que foi proposto e que está em discussão. “Me parece condição essencial para os outros componentes do ajuste, com esse quadro sendo revertido”, disse.

Ele garantiu que o governo está trabalhando para dar perfil de sustentabilidade para a dívida pública, por trazer confiança e contribuir para a diminuição dos prêmios de risco.

Questionado se o BC “incorreria novamente no erro” de acreditar nas metas fiscais, como no passado e, caso elas não se concretizarem, ter prejudicada a estratégia monetária, ele afirmou que a instituição trabalha com as metas que são anunciadas.

“O BC trabalha com os parâmetros públicos sobre as metas e os objetivos da política fiscal e tem confiança de que esses objetivos serão atingidos pelas autoridades que hoje estão a cargo da implementação dessas políticas”, disse.

Inflação

Awazu também afirmou que, apesar de reconhecer a existência de um processo de desinflação, um estudo do BC mostra que, no médio prazo, as expectativas estão mais sensíveis à política monetária e que isso permitiu reancorar a inflação para 4,5%.

Para o diretor, a melhor contribuição da política monetária é colocar a inflação na meta e ancorar as expectativas no médio e longo prazos. “Temos risco para cima, com prêmio de risco e câmbio, e para baixo, com atividade e mercado de trabalho e moderação do crédito”, citou. “Em período de estresse é preciso ter calma para evitar uma reatividade excessiva. Temos que prosseguir com a política monetária já anunciada, identificar excessos”, continuou.

Ele explicou que o objetivo do BC é impedir a inflação registrada no primeiro semestre de 2015 se transmita para períodos mais longos. “Por isso nossa mensagem de manutenção da Selic por um período suficientemente prolongado é elemento muito importante da nossa estratégia. Até porque não é possível dizer se a elevação dos prêmios de risco hoje é transitória ou permanente”, afirmou em relação à Selic em 14,25% ao ano.

Awazu disse ainda que as novas projeções da instituição para o Produto Interno Bruto (PIB) são “realistas”. O BC substituiu a perspectiva de retração de 1,1% para 2015 pela queda de 2,7%. Apesar disso, ele comentou que a safra agrícola será bastante favorável para o País este ano.

Economia global

Em uma breve análise sobre a economia global, Awazu salientou que a perspectiva é de recuperação das economias avançadas, mas que o ambiente é de compasso de espera, já que todas as atenções estão voltadas para a decisão complexa de normalização da política monetária, em especial dos Estados Unidos. Segundo ele, o quadro internacional favorece uma volatilidade maior e o fortalecimento do dólar.

“Estamos mais adiantados nesse processo de ajuste e também estamos, certamente, num final de ciclo de alta de commodities e inaugurando um ciclo diferente e vivendo processo de alta do dólar diante das perspectivas de normalização dos EUA”, considerou. Há dúvidas também a respeito da China, o que, segundo ele, traz volatilidade para os mercados mundiais.

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