Em um dia marcado por variações extremas, os juros negociados no mercado futuro terminaram nesta quinta-feira, 24, em forte queda, tendo as negociações suspensas por duas vezes. A sessão de negócios teve dois momentos completamente distintos, com forte alta pela manhã e forte baixa à tarde.
Pela manhã, o mercado cedeu à aversão ao risco e levou dólar e juros às máximas do dia, em meio ao pânico nas mesas de operações. Nos negócios com juros futuros na BM&FBovespa, as taxas dispararam e alguns vencimentos dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) atingiram o limite máximo de oscilação, tendo as negociações interrompidas. O movimento de alta teve forte componente especulativo, uma vez que os investidores repercutiam a aparente ineficácia das medidas do Banco Central e do Tesouro Nacional para conter o avanço do dólar e dos juros num ambiente de crises política e econômica.
O movimento de virada começou ainda pela manhã, a partir de declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação do BC. Tombini sinalizou que não haverá aumento da Selic por um período prolongado e garantiu que BC e Tesouro têm instrumentos adequados para conter as turbulências dos mercados. A fala de Tombini afastou as especulações de que a autoridade monetária poderia promover um choque de juros, o que teve impacto positivo no mercado de taxas. Também afastou os comentários de que o BC não estaria disposto a usar as reservas cambiais vendendo dólares no mercado à vista para conter o avanço das cotações – outro fator de tensão no mercado.
As taxas de juros perderam força imediatamente às declarações de Tombini, reforçadas mais adiante pelo diretor de Política Econômica do BC, Luiz Awazu Pereira. A inversão de tendência foi definida no início da tarde e foi consolidada com o anúncio da realização de leilões diários de compra e venda de títulos pelo Tesouro.
A instituição adotará, entre 25 de setembro e 2 de outubro, um programa diário de venda e compra de NTN-F. Adicionalmente, será realizado leilão de venda de LFT com vencimento em 1º de setembro de 2021. De acordo com o Tesouro, o objetivo do programa é fornecer suporte e liquidez ao mercado de títulos públicos. O anúncio dos leilões aprofundou a queda das taxas, que mergulharam, levando a um novo travamento dos negócios – desta vez na ponta contrária à observada pela manhã.
Todos os principais vencimentos de DI a partir de janeiro de 2017 terminaram o call de fechamento no limite de oscilação, com queda de 80 pontos-base. O juro para janeiro de 2017 terminou na mínima de 15,67%, de 16,47% no ajuste anterior e de 17,27% na máxima intraday. O DI para janeiro de 2018 acabou em 16,05%, de 15,85% ontem e depois de tocar no limite máximo, pela manhã, de 17,65%. A taxa para janeiro de 2019 ficou na mínima de 16,12%, ante 16,92% no ajuste da véspera e de 16,72% mais cedo.