Economia

É natural inadimplência continuar subindo no cenário atual, diz Banco do Brasil

O índice de inadimplência do Banco do Brasil deve continuar subindo diante do cenário atual, segundo o vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do BB, José Maurício Pereira Coelho. “É possível ter subida dos níveis atuais, mas o nível vai depender muito de quando a economia vai encontrar um novo ciclo de retomada”, afirmou ele, em coletiva de imprensa, na manhã desta quinta-feira, 12, ressaltando que a inadimplência do banco está sob controle e abaixo dos concorrentes, a despeito do cenário “extremamente desafiador”.

O índice de inadimplência do BB, considerando atrasos acima de 90 dias, foi a 2,60% ao final de março, aumento de 0,36 ponto porcentual em relação a dezembro, quando ficou em 2,24%. No comparativo com o mesmo intervalo do ano passado, de 1,84%, a piora foi de 0,76 p.p.

De acordo com Walter Malieni Júnior, vice-presidente de controles internos e gestão de riscos do BB, o indicador no primeiro trimestre, dentre outros motivos, teve reflexo do aumento dos pedidos de recuperação judicial que cresceram cerca de 50% no primeiro trimestre ante um ano, conforme dados da Serasa Experian. O executivo acrescentou ainda que o BB segue com política de gestão de risco conservadora e que o movimento de provisões por conta do setor de óleo e gás foi, na prática, um ajuste de agravamento de risco para um caso específico.

O BB reservou provisão de R$ 2,020 bilhões para um cliente do segmento de óleo e gás no primeiro trimestre. Entre as grandes instituições, o banco era o maior credor da Sete Brasil, que entrou com pedido de recuperação judicial no final do mês passado. Segundo a lista de credores, o BB concedeu mais de US$ 1 bilhão (R$ 3,7 bilhões) à companhia.

Capital principal

O Banco do Brasil está focado na melhora de capital principal e reitera sua meta de chegar a 2019 com indicador de 9,5%, segundo Coelho. Por isso, a instituição não considera, segundo ele, emitir dívida para fazer frente aos níveis 1 e 2. “Não estamos com necessidade de melhorar capital nesses níveis”, afirmou ele, em coletiva de imprensa, nesta manhã.

Ao final de março, o índice de capital principal foi a 8,26%, contra 8,17% em dezembro e 8,68% há 12 meses. Uma das mudanças recentes que o BB fez para melhorar o indicador foi a alteração da sua política de dividendos. Em fevereiro último, o Banco do Brasil informou que o conselho de administração decidiu fixar em 25% o porcentual do lucro líquido do exercício (payout) a ser distribuído aos acionistas a título de dividendos e/ou juros sobre o capital próprio para o exercício de 2016. Em 2014, o porcentual mínimo foi de 40% do lucro líquido.

Coelho disse ainda que o banco não trabalha com a expectativa de aumento de capital até o fim do ano. Segundo ele, o BB tem um índice de Basileia confortável e até mesmo o mínimo de 13% estabelecido pela instituição nunca foi alcançado.

O índice da Basileia do BB encerrou março em 16,24%, aumento de 0,11 ponto porcentual na comparação com dezembro, de 16,13%. Em um ano, quando estava em 16,02%, a melhora foi de 0,22 p.p. O indicador mede o quanto o banco pode emprestar sem comprometer o seu capital

Estratégia

A estratégia do Banco do Brasil em crédito é de rentabilização, e não de aumento de market share, de acordo com Raul Francisco Moreira, vice-presidente de Negócios de Varejo. “Não formamos demanda. Se o cenário melhorar, estamos prontos para atender. Não há política específica de expansão ou retração de crédito. Não há meta de share. É manutenção. Nosso share já é bastante relevante”, afirmou ele, em coletiva de imprensa, nesta manhã.

O BB espera que a sua carteira de crédito ampliada interna cresça de 3% a 6% neste ano. No primeiro trimestre, avançou 4,0%. Para os empréstimos para a pessoa física, a instituição projeta incremento de 5% a 8% neste ano. De janeiro a março, cresceram 8,7%, acima do intervalo projetado. De acordo com o BB, o resultado foi influenciado pelo crescimento das carteiras de crédito imobiliário e crédito direto ao consumidor (CDC).

Na contramão, a carteira de pessoa jurídica apresentou desempenho fora do intervalo esperado, ao encolher 0,9%. Apesar disso, o BB manteve sua expectativa de que o segmento cresça entre 1% e 4% neste ano. Já no agronegócio, a expansão ficou acima do esperado para o ano. Avançou 9,8% no primeiro trimestre, ante faixa estimada de 6% a 9%, que foi mantida. “O desempenho foi obtido pela maior demanda nas linhas de crédito agroindustrial e custeio agropecuário”, explica o BB.

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