Os juros futuros operam em alta nesta terça-feira, 5, em continuidade ao movimento visto na segunda-feira, 4, e sustentados pelo ambiente de incertezas que ronda o noticiário político nacional. Além disso, as incertezas em relação ao ritmo de crescimento da economia global afetam o dólar e aumentam a aversão a risco.
Às 10h05, o DI para janeiro de 2021 estava em 14,06%, ante 13,98% no ajuste de segunda-feira. O DI para janeiro de 2018 exibia taxa de 13,70%, de 13,66%. O dólar subia mais de 0,7%.
O que se vê no mercado local é que o cenário mais favorável das últimas semanas deu espaço a um movimento de ajuste, em reflexo a uma percepção menos afirmativa em relação ao impeachment de Dilma Rousseff.
Na segunda, o ministro José Eduardo Cardozo, da Advocacia Geral da União (AGU), defendeu a presidente na Comissão Especial de Impeachment. O relator do processo, Jovair Arantes (PTB-GO), sinaliza que apresentará o relatório para a votação da comissão na quarta ou na quinta-feira.
Além de preparar a defesa formal contra o pedido de impeachment, o governo federal também se articula para frear o processo caso o impedimento chegue à fase de votação por parte dos parlamentares. Com medo de uma possível traição dos partidos aliados, pessoas do governo defendem que a negociação de cargos com siglas como PSD e PP se estenda até a votação, no plenário da Câmara, do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Lideranças do PMDB, por sua vez, deixaram claro que a decisão da sigla de deixar a base governista não é um consenso. O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB-AM), por exemplo, afirmou que o partido foi precipitado em desembarcar do governo. O líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ), por sua vez, indicou que a bancada não fechará posição sobre a votação do impeachment. “Não vejo como a bancada poderia impor essa ou aquela posição”, disse.
No ambiente externo as notícias são igualmente desfavoráveis a uma melhoria dos indicadores locais. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da zona do euro caiu de 53,3 em fevereiro para 53,1 em março, o pior nível em 15 meses.
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, alertou para os sinais incertos da economia mundial. “A economia global enfrenta um tempo de crescente risco e incerteza”, afirmou. Embora tenha salientado o crescimento da economia mundial, Lagarde pontuou que a tendência é “muito frágil e os riscos para sua durabilidade estão aumentando”.