Economia

Produção de petróleo da Nigéria é ameaçada por ataques de militantes e greve

Ataques de militantes contra instalações de petróleo e uma ameaça de greve geral levaram a produção da Nigéria e também a moeda do país, a naira, a novas mínimas. O ministro do Petróleo da Nigéria, Ibe Kachikwu, disse na segunda-feira que Angola tornou-se o maior produtor de petróleo da África, diante do recuo da produção nigeriana para 1,4 milhão de barris por dia.

O ministro afirmou que o orçamento nigeriano foi baseado em uma produção de 2,2 milhões de barris por dia, portanto a piora ameaça as contas nacionais. A produção de Angola, por outro lado, manteve-se constante perto de 1,8 milhão de barris por dia, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

A naira recuou para 350 ante o dólar no mercado paralelo, quando o câmbio oficial aponta 199 nairas por dólar. O governo do presidente Muhammadu Buhari nega ter planos de desvalorizar em breve a moeda, o que tem sido defendido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para melhorar o quadro econômico.

O Congresso Nacional do Trabalho da Nigéria e o Congresso do Sindicato Comercial, que dizem representar 6,5 milhões de trabalhadores, e também algumas entidades cívicas convocaram uma greve para esta quarta-feira, a fim de protestar contra um aumento de 70% nos preços da gasolina, adotado em meio a um quadro de falta de moeda estrangeira no país. A Nigéria depende das importações do petróleo, que representam 70% da receita governamental.

A crise divide os líderes trabalhistas e religiosos em grupos étnicos, com aqueles de maioria muçulmana do norte contra a greve, enquanto os cristãos do sul, que dominam a produção de petróleo, pedem aos cidadãos que se manifestem e “Ocupem a Nigéria!”. Buhari é do norte do país.

A divisão pode significar que o país não estará sujeito aos grandes protestos que fizeram o governo anterior desistir de planos de acabar com um subsídio ao combustível em 2012, ainda que muitos nigerianos já estoquem alimentos e água, com medo de uma crise maior.

A inflação oficial subiu para quase 14% no mês passado e os preços dos alimentos dobraram, enquanto dezenas de milhares de trabalhadores não recebem há meses. Muitos nigerianos descontentes dizem que o governo não pode escolher hora pior para acabar com o subsídio, porque a escassez forçou pessoas a pagar o dobro do preço fixado em alguns casos.

Cerca de 70% dos nigerianos vivem abaixo da linha da pobreza, segundo a Organização das Nações Unidas, apesar das riquezas naturais do país.

Buhari assumiu há mais de um ano o posto que era antes ocupado pelo presidente Goodluck Jonathan, cujo governo é acusado de saquear o erário em bilhões de dólares.

A ameaça de greve ocorre no momento em que militantes no Delta do Níger retomaram os ataques e forçaram grandes companhias do setor petrolífero a retirar trabalhadores da área. Há relatos de que os Vingadores do Delta do Níger sejam patrocinados por políticos do sul do país para sabotar Buhari. O presidente enviou milhares de soldados para a área, onde o grupo exige uma parcela maior da receita do país com petróleo e protesta contra cortes em um programa de anistia de 2009, que pagava a 30 mil militantes para proteger áreas que eles antes atacavam. Fonte: Associated Press.

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