O saldo das aplicações financeiras de investidores pessoas físicas dos segmentos de varejo, varejo alta renda e do universo private subiu 8,83% em 2015 em relação ao ano anterior para R$ 2,043 trilhões, informou a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) na divulgação do primeiro boletim consolidado de Private e Varejo. De acordo com o documento, no ano passado, haviam 71,7 milhões de clientes dos dois segmentos em 2015, com uma média de R$ 28,4 mil investidos.
Segundo o levantamento da Anbima, o segmento de varejo respondeu por 68,1% desses recursos, com destaque para o varejo de alta renda que cresceu 13,46% no passado, com aplicações que alcançaram R$ 569,9 bilhões a partir de 5 milhões de clientes. Os títulos de valores mobiliários de renda fixa, especialmente os isentos, foram os que mais receberam aplicações dos clientes do varejo de alta renda, concentrando 45,1% dos recursos investidos por esse grupo, o equivalente a R$ 256,76 bilhões. Os fundos receberam R$ 227,39 bilhões do público de alta renda ou 39,9% do total.
O varejo tradicional, representado por 66.584 milhões de clientes, investiu R$ 821,8 milhões em 2015, dos quais R$ 521,8 bilhões na poupança ou 64,7% do total. Na categoria private, 110 mil pessoas tinham R$ 651,4 bilhões investidos ao final de 2015, 48,4% concentrados em fundos (R$ 315,17 bilhões), especialmente os multimercado (R$ 176,55 bilhões). A segunda maior categoria de investimento dos clientes private em 2015 foram os títulos e valores mobiliários de renda fixa, com R$ 255,23 bilhões investidos ou 39,2% do total.
Poupança
A poupança, ainda que continue atraindo volume expressivo de recursos, perdeu espaço no consolidado das aplicações dos segmentos private e de varejo em 2015. Segundo o Boletim Consolidado de Private e Varejo da Anbima, a participação da poupança caiu de 32,8% nessas carteiras em 2014 para 30% no ano passado.
Embora tenha havido aumento de 8,83% as aplicações financeiras em 2015, para R$ 2,043 trilhões, as aplicações em poupança caíram 1,61% no ano passado, para R$ 605,06 bilhões, de R$ 614,97 bilhões em 2014.
A Anbima remete esse resultado ao fato de a rentabilidade da poupança ter ficado abaixo da inflação em 2015 medida pelo IPCA de 10,7%. Os fundos de investimento em contrapartida tiveram participação superior a da poupança no agregado de clientes do varejo e do private, de 31,6% do total. Os fundos atraíram R$ 645,10 bilhões em 2015, representando aumento de 13,33% em relação ao ano anterior.
A associação destaca que o maior direcionamento de recursos para os fundos foi puxado pela classe renda fixa, que cresceu 18,91% para R$ 378 bilhões, e passou a ter uma participação no total investido em fundos de 58,6% no ano passado, acima dos 55,9% de 2014.
A Anbima observou que a renda variável também perdeu apelo junto aos investidores de ambas categorias, em consequência da queda de 13,3% do Ibovespa no ano passado. A participação da renda variável cedeu de 6,1% para 4,8% do total investido. O volume investido em renda variável caiu 13,7% para R$ 98,88 bilhões.
Segundo a Anbima, uma parte desses recursos migrou para investimentos em títulos e valores mobiliários de renda fixa, segmento em que o volume aplicado cresceu 19,95% no ano passado, para R$ 694,10 bilhões. A associação diz que esse fato está muito relacionado a busca por produtos isentos, especialmente as letras de crédito imobiliário e agrícola. Os números mostram que R$ 183 bilhões foram para os ativos com lastro agrícola em 2015, uma alta de 16,3%, enquanto para os lastreados em ativos imobiliários a alta foi de 24,86%, para R$ 201,9 bilhões.