Economia

Usinas dizem que juros altos desestimulam procura pelo Prorenova

Representantes de usinas ouvidos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, confirmaram que a demanda do setor sucroenergético pelo Prorenova, linha de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para renovação de canaviais, tende a ser menor neste ano na comparação com 2014. Na semana passada, a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) já havia dito que as taxas de juros são elevadas e que isso deve prejudicar “fortemente” a reestruturação das lavouras. Assim, as empresas pretendem tomar menos recursos ou ainda não decidiram se vão acessar o programa em 2015.

O diretor Região Brasil da Tereos Internacional, Jacyr Costa Filho, por exemplo, afirmou que a controladora da Guarani, que tem sete usinas no noroeste paulista, deve se credenciar para um montante menor, “por causa do custo”. Em sua avaliação, a empresa deve tomar no máximo R$ 20 milhões, limite da faixa de empréstimo com “condições mais atrativas”. A renovação e o plantio que não vierem do Prorenova serão feitos via caixa da companhia, para que as lavouras próprias da Guarani mantenham idade média de 3,2 anos, disse o executivo.

Com quatro usinas em operação, o Grupo São Martinho ainda não bateu o martelo sobre o montante a acessar. “Ainda estamos analisando as condições oferecidas pelo Prorenova 2015 para avaliar o volume de recursos que iremos captar”, comentou, em nota, o diretor financeiro e de RI da empresa, Felipe Vicchiato. O mesmo ocorre com a Biosev, braço sucroenergético da Louis Dreyfus Commodities (LDC), que afirmou “acompanhar de forma contínua as linhas de crédito disponíveis no mercado”.

Anunciado junto com o Plano Safra 2015/16, em junho, e confirmado na sexta-feira (25), o Prorenova 2015 disponibilizará R$ 1,5 bilhão, metade do que foi alocado na safra anterior, com limite financiável de R$ 7 mil por hectare.
Para se obter um empréstimo, o limite de financiamento é de até R$ 150 milhões por grupo econômico. Em contratos de até R$ 20 milhões, a taxa de juros será composta por TJLP mais 1,5% ao ano, acrescida de intermediação de 0,1% para pequenas e médias ou de 0,5% para grandes empresas, com remuneração do agente negociador de até 1,7%. Caso o valor contratado seja maior, os juros serão corrigidos por Selic mais 1,2% para o BNDES. Nesse caso, não há alterações na intermediação, e a remuneração do repassador é livre.

Em evento na semana passada em São Paulo, o chefe do Departamento de Biocombustíveis do BNDES, Carlos Eduardo Cavalcanti, reconheceu que as condições financeiras para acesso ao crédito em 2015 “não estão tão favoráveis” na comparação com as de anos anteriores. O próprio banco fala em desembolso até 40% menor neste ano frente os R$ 6 bilhões observados em 2014.

Pelos cálculos do BNDES, o montante de R$ 1,5 bilhão alocado em 2015 permite o trato de 400 mil hectares de canaviais, desde que todo contratado. Lançado em 2012, o Prorenova contribuiu para a renovação de 1 milhão de hectares de plantações até 2014.

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