Assustado com o aumento do desemprego e da inflação, especialmente dos preços administrados, como combustíveis e energia elétrica, o brasileiro deve gastar menos e pagar mais à vista no Dia das Crianças deste ano. Normalmente o desempenho de vendas da data dá uma pista de como vai ser o Natal.
Pelo menos isso é o que mostra uma pesquisa nacional realizada entre a segunda quinzena de agosto e a 1ª de setembro pela Boa Vista Serviços, empresa especializada em informações financeiras.
De acordo com a enquete que consultou cerca de mil consumidores, 75% deles informaram que pretendem comprar presentes por ocasião do Dia das Crianças, uma fatia menor do que no ano passado. Em 2014, 81% disseram que estavam dispostos a ir às compras.
Além de uma parcela menor estar propensa a consumir, 59% deles planejam gastar menos ou a mesma cifra desembolsada em 2014. E os motivos para segurar os gastos estão relacionados com a crise. Segundo a pesquisa, 27% alegaram contenção de despesas, 22% inflação e 20% que pretendem usar o dinheiro para quitar outras contas prioritárias, como água e luz.
Em termos absolutos, o valor do gasto médio também vai ser 10,8% menor. Neste ano, o valor médio será de R$ 188, ante R$ 210 em 2014.
A comparação é de valores nominais, isto é, não considera a inflação de cerca de 10% acumulada no período. Mais da metade das compras (51%) serão de produtos de até R$ 100. No ano passado, essa fatia tinha sido de 41%.
Endividamento
Entre que os que não vão consumir este ano por ocasião data, o principal motivo apontado por 33% do entrevistados é o endividamento, seguido pelo desemprego (18%).
O medo de se endividar diante da conjuntura econômica incerta, com juros nas alturas, também fica nítido no resultado da pesquisa referente às formas de formas de pagamento daqueles que irão consumir. Segundo a enquete, 64% dos entrevistados pretendem quitar a compra à vista, dez pontos porcentuais acima do registrado na mesma data do ano passado.
O meio de pagamento preferido é o dinheiro, com 57% das respostas, ante 50% em 2014. Tanto o cartão de débito como o de crédito apareceram na pesquisa deste ano com uma fatia menor de consumidores dispostos a usá-los.
Apesar de o brasileiro estar segurando os gastos, há na pesquisa um resultado incoerente com a situação financeira mais apertada. Ele diz respeito à preferência do produto a ser consumido. Pelo terceiro ano seguido, cresceu a preferência de compra por itens eletrônicos, que normalmente são mais caros que os brinquedos, pois levam boa dose de componentes importados.
Neste ano, 28% vão comprar eletrônicos, ante 23% em 2014. Quanto aos brinquedos, a intenção de compra caiu de 47% em 2014 para 40% em 2015. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.