O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, afirmou na manhã desta terça-feira, 20, que a crise política no Brasil tem piorado as perspectivas para a economia em 2016. “Há três semanas, nós participamos de uma pesquisa de estimativas para o PIB e respondemos que estávamos esperando para 2016 algo entre zero e queda de 0,5%, em linha com o relatório Focus da época. Agora, o Focus tá prevendo retração de 1,22%”. O que aconteceu de lá para cá?”, questionou. “A política é o principal motivo”, disse, no Congresso AutoData, em São Paulo.
Para Moan, a crise política tem se comportado como uma “doença degenerativa” da economia brasileira. “Enquanto os agentes institucionais não tiverem um pensamento de Brasil e continuarem pensando em questões pessoais e partidárias, não vamos achar uma solução”, criticou.
O presidente da Anfavea afirmou ainda que a crise política gera uma crise de confiança e afeta até os setores que vão bem. “O agronegócio, por exemplo, está com safra recorde e com o plantio em dia, mas nós temos queda de 30% nas vendas de máquinas agrícolas. O que explica? A confiança”, respondeu.
Perdas
A queda das vendas do setor automotivo em 2015 gera uma perda de R$ 16 bilhões em arrecadação para o governo federal, afirmou Moan, com base em conta feita pela entidade.
“Para se ter uma ideia, esse valor representa metade do que o governo espera arrecadar com a volta da CPMF em 2016 (em torno de R$ 32 bilhões)”, afirmou o executivo. Ele voltou a negar que o incentivo fiscal para o setor gere distorções no mercado. “Cada ponto de redução de imposto é repassado para o consumidor”, explicou.
Apesar do tom de lamento, Moan está otimista para o setor automotivo quando olha a longo prazo, citando mais uma vez o potencial de mercado do Brasil, que, segundo ele, tem um baixo índice de motorização. “Vamos emergir dessa crise com muito mais força, muito mais preparados, para começar um novo momento”, declarou. “Para o curto prazo, continuamos esperando uma melhora das vendas de veículos no terceiro trimestre do ano que vem”, disse.