A prisão de André Esteves, presidente e fundador do BTG, traz preocupações com as operações do banco, que atua em áreas diversificadas, como moedas, commodities e administração de fortunas no Brasil e no exterior. Os ativos do banco superam R$ 300 bilhões.
A primeira medida tomada para proteger o banco foi a indicação de Pérsio Arida, sócio fundador e membro do Conselho de Administração do BTG, para assumir o lugar de Esteves interinamente.
“Foi uma decisão acertada e o banco tem um corpo diretivo muito competente para superar esse momento, mas isso não garante a continuidade da instituição. É preciso ver como os investidores e os depositantes vão reagir”, diz Erivelto Rodrigues, presidente da consultoria Austin Rating. “Depende de credibilidade, ou seja, se os investidores manterão suas aplicações e negócios.”
Fontes do mercado dizem que está sendo preparada a compra da participação de Esteves pelos sócios. Mas os profissionais de mercado têm dúvidas sobre o impacto de sua saída. “Pela estrutura formada, o banco ficou personificado na figura de Esteves”, disse um executivo que preferiu não se identificar. A agência de classificação de risco Moodys avalia que a ausência de Esteves do comando por período prolongado pode afetar a nota do banco.
Quinto maior
O BTG Pactual tinha no final de outubro R$ 179,5 bilhões em fundos de investimento sob sua gestão, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). É o quinto maior gestor do País, com 6,1% do patrimônio líquido da indústria.
O BTG Pactual é um competidor importante no mercado de capitais, participante de muitas das maiores operações de renda fixa e variável e de fusões e aquisições. No ranking de fusões e aquisições da Anbima, o BTG aparece em segundo lugar, atrás do Itaú BBA, com R$ 38 bilhões até junho. O BTG está em quinto lugar no ranking de distribuição de renda fixa e títulos híbridos, com R$ 4,3 bilhões em operações estruturadas.
Mas são as divisões de tesouraria e corretagem e de gestão de fortunas que concentram a maior parte das receitas do banco. O peso dos negócios do exterior está evidente no balanço.
A divisão de tesouraria e corretagem, onde está a plataforma de câmbio e commodities, foi alvo de importante investimento pelo BTG. No terceiro trimestre, a divisão teve a maior receita entre as cinco áreas em que o BTG Pactual atua, somando R$ 1,444 bilhão, um crescimento de 84% em relação a igual período de 2014. A divisão respondeu por 56% do total das receitas do banco.
A compra do banco suíço BSI em 2014 alavancou as receitas da divisão de gestão de fortunas este ano. As receitas duplicaram para R$ 608 milhões e quase que triplicaram no terceiro trimestre, para R$ 387 milhões.
O BTG Pactual também tem grandes investimentos diretos em empresas. Entre elas, as companhias de capital aberto BR Properties, a BT Pharma e o Banco Pan. A instituição possui 2% do capital total da Gerdau, segundo informação do site da BM&FBovespa. Tem parte da rede de estacionamentos Estapar, com mais de 900 estacionamentos no País e da qual o BTG detém 72%, e na rede de academias BodyTech – que opera também a marca Fórmula, com 85 academias, sendo 64 próprias. (Colaborou Ricardo Leopoldo). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.