O dólar fechou o último pregão do ano em alta, numa sessão marcada pelo volume reduzido e pela briga na formação da Ptax, taxa calculada pelo Banco Central que serve de referência para uma série de contratos cambiais. O dólar avançou 1,95% ontem, a R$ 3,9601. No mês, a moeda norte-americana subiu 2,14% e no ano, 48,93%.
Grandes bancos internacionais apostam que o nível de R$ 4 para o dólar veio para ficar. Casas como o Morgan Stanley, HSBC, Barclays e Lloyds Bank dizem que qualquer alívio sobre a taxa de câmbio no Brasil será momentâneo e, assim, o dólar deve passar o novo ano na casa dos R$ 4. Entre os demais emergentes, há elevada expectativa de que o yuan chinês sofra nova desvalorização ao longo dos próximos 12 meses.
Em meio às incertezas políticas e econômicas e com a firme aposta de que a recessão continuará em 2016, grandes bancos globais não veem espaço para a recuperação da moeda brasileira. “Esperamos que o real continue com desempenho pior que outras divisas emergentes em 2016. A correção já ocorrida foi grande, mas o crescimento continua fraco com apenas um pequeno sinal de ajuste estrutural”, dizem os analistas de câmbio do Morgan Stanley. Para a casa, o dólar fechará o primeiro trimestre em R$ 4,20, atingirá a máxima de R$ 4,50 no terceiro trimestre e terminará o ano em R$ 4,45.
O britânico Barclays também parece bem pessimista e cita até a chance de monetização da dívida pública – situação em que o dinheiro novo é emitido para pagar compromissos do governo. “Os prêmios de risco estão prontos para subir mais diante da incerteza política e novas preocupações fiscais. Esperamos que o mercado precifique uma elevada probabilidade de monetização conforme o crescimento continue colapsado e o governo falhe em cortar gastos com a ausência de coesão política”, diz o Barclays em análise sobre 2016. Por isso, a casa prevê dólar a R$ 4,20 no fim do primeiro trimestre e a R$ 4,50 no fim de dezembro.
Os analistas do Lloyds Bank são um pouco menos pessimistas. Eles reconhecem que as contas externas começam a reagir à alta do dólar, mas o movimento é insuficiente para virar o jogo. Por isso, o banco nota que as incertezas políticas, a possibilidade de uma política fiscal mais frouxa e os respingos da alta do juro nos Estados Unidos manterão o real enfraquecido. “A depreciação adicional do real é necessária para restaurar a competitividade externa.” O Lloyds prevê câmbio acima de R$ 4 em todo o ano, mas com taxa máxima mais comedida, em R$ 4,15, no segundo e terceiro trimestres.
O HSBC também tem cenário um pouco mais ameno e acredita que o dólar deve girar entre R$ 4,10 no primeiro trimestre e R$ 4,20 no decorrer do segundo semestre.
Entre os emergentes, outra moeda que chama atenção é o yuan chinês. Após a inesperada depreciação anunciada por Pequim durante 2015, analistas acreditam que um novo movimento de desvalorização controlada deverá acontecer nos próximos meses diante da desaceleração da segunda maior economia do mundo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.