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Carnaval na Vila Madalena vira grande ‘rolezinho’ para jovens

Centro da atenção da Prefeitura de São Paulo e da Polícia Militar, que montaram um esquema que inclui até fechar ruas para pedestres, a festa na Vila Madalena não é exatamente uma folia tradicional de carnaval. Com presença maciça de adolescentes, alguns deles mais perto da infância do que da idade adulta, o bairro boêmio virou mais um “rolezinho” dos jovens paulistanos.

“A gente vem aqui para se divertir e conhecer gente nova, se é que você me entende”, conta, aos risos, a estudante Julia Zaffani, de 19 anos. Com um grupo de amigas vindas do Butantã, zona Oeste, e de Pirituba, zona Norte, a jovem diz que as noites da Vila Madalena “são para todo mundo” e “não tem aquela coisa de ficar seguindo os blocos”, embora ela planejasse, na noite de sábado, acompanhar os carnavais de rua da cidade, também. “Aqui é uma coisa mais de bar, de beber”, disse, enfatizando a última palavra com um soco na palma da outra mão, a também estudante Flávia Monteiro Pagani, de 18 anos.

Adereços comuns nos “rolezinhos” também se fazem presentes nas ruas do bairro. Há rodas de adolescentes fumando narguilé – o cachimbo oriental com água, usado com tabaco aromatizado – e, em menor quantidade, gente gritando “olha o lança”, em uma oferta da droga de sucesso nessas festas, o lança-perfume – que, ironicamente, já fez a festa de carnavais de rua no passado, quando era legalizado.

“O rolezinho é diferente, só toca funk. Aqui, tocam mais coisas, é diferente nisso”, analisa Letícia Brito, de 19 anos. No mesmo momento, entretanto, ao fundo, a música ouvida a partir de um dos bares próximos era Baile da Favela, do MC João. E a música da noite, cantada por rapazes com megafone, era o hit do carnaval de rua deste ano: “Tá tranquilo, tá favorável”, do MC Bin Laden.

Sem blocos dentro de um perímetro estabelecido pelas autoridades, que vai da Rua Aspicuelta, passando pela Rua Harmonia até Rua Mourato Coelho, é dos bares abertos que vem a música que os jovens ouvem. Mas parte deles, com grades na porta, ficam às moscas. No cruzamento da Aspicuelta com a Mourato, onde há quatro bares, um chegou a fechar antes das 22 horas. Nos outros, os garçons ficaram de braços cruzados.

No sábado, a lotação de 15 mil pessoas neste perímetro foi atingida às 19h30. Daquela hora até a meia-noite, ninguém mais podia entrar. Os jovens então se concentraram na Rua Inácio Pereira da Rocha. Ali, sem objeções da PM, eles se aglomeraram ao redor de carros enfeitados de néon que vendiam bebida e mantinham o som que podia ser ouvido de longe. Um pancadão.

A festa foi acabando depois da uma da madrugada. “Olha, tio, rapa fora. Estamos subindo a rua e, quando a gente voltar, vamos arrepiar isso aqui”, avisou um fiscal da Subprefeitura de Pinheiros para um homem ao lado desses carros, que obedeceu.

Quem tenta organizar a festa, e evitar casos como o “rolezinho” do Parque do Ibirapuera do fim de janeiro, onde houve duas denúncias de estupro contra jovens, é a tenente-coronel Dulcinea Lopes de Oliveira, comandante do 23º Batalhão da Polícia Militar. O plano é fechar o perímetro assim que a lotação total estipulada for atingida, para que a polícia consiga controlar a multidão. “A orientação é que quem queira ir para a Vila Madalena chegue cedo para aproveitar. As pessoas que vão para os blocos e querem aproveitar o fim de noite aqui não vão conseguir entrar”, alertou a comandante. Na sexta e no sábado, nove pessoas foram detidas por porte de drogas, tráfico e furto.

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