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Mocidade independente faz crítica política na Sapucaí

O Dom Quixote da Mocidade Independente entrou na avenida lutando contra moinhos de ventos. Mas o inimigo imaginário não demorou a se transformar em problemas reais, o combate à corrupção e o escândalo da Petrobrás. Única a levar a crítica política para a Sapucaí no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial, a agremiação correu riscos também no tamanho de seus carros alegóricos, os mais altos e largos até agora. Vários tiveram problemas na dispersão, prejudicando a evolução da escola.

A encenação de Dom Quixote arrancou aplausos da plateia. O lunático mais famoso da literatura começou o desfile com batalhas imaginárias, mas só até o momento em que o moinho se transformou em torre de petróleo, de onde saíram cinco engravatados sem cabeça, de terno preto, ladeando uma figura feminina vestida de vermelho. Todos acabaram colocados atrás das grades por Quixote e seu fiel escudeiro Sancho Pança. O cavaleiro ressurge sobre o moinho, com uma bandeira do Brasil nas mãos.

Um dos coreógrafos da comissão de frente, Saulo Finelon, rechaçou qualquer ligação com o atual governo. Segundo ele, a cor vermelha da roupa foi escolhida por acaso e a figura feminina entrou em cena apenas para mostrar que a corrupção não é uma questão de gênero. “Tem o contraste, o preto é escuro, vermelho é sangue. Há muito sangue na nossa política”, completou Jorge Teixeira, outro responsável pela coreografia.

As referências à corrupção permearam o desfile da escola de Padre Miguel, que mostrou todos os símbolos clássicos, de ratos e moscas a dólares em malas. A imensa alegoria animada de Quixote dominou a avenida desde a entrada e foi a primeira a dar indícios de que a agremiação poderia ter dificuldades na dispersão. Mas os carros seguintes, do petróleo e dos ratos, foram os mais problemáticos, provocando buracos em alguns momentos e muita correria no final. A Mocidade encerrou sua participação faltando dois minutos para o fim do tempo máximo permitido, de 82 minutos.

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