Alta externa limita queda do Ibovespa na reabertura após o feriado

A despeito da valorização das bolsas internacionais nesta sexta-feira, 12, o Ibovespa pode iniciar o pregão se ajustando às fortes perdas externas de ontem, quando a B3 ficou fechada por conta de feriado nacional. Temores de uma segunda onda de disseminação de casos e de mortes pela pandemia do novo coronavírus derrubaram os mercados na quinta-feira, diante da avaliação de que isso atrase a retomada econômica global. As bolsas norte-americanas tiveram o pior pregão em quase três meses.

O índice Dow Jones encerrou em queda de 6,90%, a 25.128,17 pontos, o maior recuo porcentual desde 16 de março. Contudo, esta manhã os índices futuros norte-americano sobem até 2,05%, diante de sinais de novos estímulos à economia dos EUA, após o Fed traçar um quadro ainda preocupante para o país. Neste sentido, há certo abrandamento do Ibovespa ante o recuo da véspera no mercado internacional. Para completar, novos sinais de aproximação do governo do chamado Centrão, que pode ajudar no avanço de temas tidos como importantes para o País, também tendem a acalmar os investidores.

A recriação do Ministério das Comunicações, com nomeação de deputado Fábio Faria (PSD-RN), genro de Silvio Santos, para ocupar a vaga foi bem recebida por parlamentares e também deve ser bem avaliada pelo mercado. Isso porque, como cita a MCM Consultores, pode ajudar nas relações entre governo e Congresso. Esse "avanço", acrescenta o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria Integrada, deve ajudar a reduzir a percepção de risco político.

Mas, por hora, o sinal é de ajuste na Bolsa brasileira. "Devemos ajustar ao pregão de ontem no exterior, porém, as perdas podem ser menores já que lá fora está subindo de novo, mas tudo vai depender de como continuará o externo", pondera Luiz Roberto Monteiro, operador de mesa institucional da Renascença.

Às 11h12, o Ibovespa caía 1,60%, aos 93.168,99 pontos, após ceder em torno de 3%, aos 91.793,23 pontos, na mínima do dia.

Campos Neto não descarta a possibilidade de os investidores globais ainda não darem o ajuste de ontem como finalizado, o que sugere alguns dias mais cautelosos. Na quarta-feira pré-feriado, o principal índice à vista da B3 fechou em baixa de 2,13%, aos 94.685,98 pontos.

As perdas das bolsas internacionais ontem tanto podem ter sugerido um movimento de realização de lucros mais intenso como também indicar um novo cenário, diante de preocupações acerca de uma nova onda do coronavírus em países que estão em processo de reabertura das atividades, especialmente em alguns locais dos EUA e em Pequim. E esse temor ocorre no momento de escalada da covid-19 no Brasil, com mais de 41 mil mortos e 805.649 contaminados.

"As informações relembram aos investidores que a pandemia ainda não foi totalmente vencida, a despeito dos avanços importantes obtidos nas últimas semanas", afirma o economista da Tendências.

Diante deste cenário, o diretor da CM Capital Markets, Fernando Barroso, ressalta que a Bolsa brasileira possa "dar uma parada técnica", após os fortes ganhos recentes de mais de 8% só este mês. "Não tem dinheiro novo para a continuidade dessa tendência, o que foi o vetor para a retomada do Ibovespa chegou a superar os 97 mil pontos em junho", diz. Conforme ele, agora, os investidores devem olhar com um pouco mais de atenção aos efeitos sociais e econômicos do coronavírus no País. "Talvez os mercados estejam começando a viver a realidade", analisa.

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