O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou nesta segunda-feira, 8, que espera "bater o martelo" sobre o preço dos combustíveis em reunião com a equipe econômica nesta segunda-feira. A reunião com o ministro Paulo Guedes, da Economia, ocorre após o governo propor na última sexta-feira, 5, enviar um projeto para estabelecer um valor fixo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis.
"Hoje eu tenho uma reunião com a equipe econômica para ver mais uma vez – eu tive a semana passada por duas vezes – para ver se bate o martelo", disse para apoiadores no período da manhã na saída do Palácio da Alvorada. O chefe do Executivo diz ter a expectativa de "um bom entendimento" na reunião desta segunda com a equipe econômica.
"O que não pode acontecer? É achar que a responsabilidade é de uma pessoa apenas. Agora, quando é que nós todos, eu, governadores, distribuidoras, donos de postos vamos tomar uma providência pra isso?", questionou ele, em referência ao preço dos combustíveis, alvo de pressões de caminhoneiros que reclamam do aumento do óleo diesel. "Será num momento pacífico ou em um momento conturbado? Para mim seria a partir de agora. Espero sair um bom entendimento da reunião da equipe econômica de hoje", acrescentou.
<b>Governadores</b>
Bolsonaro citou também a possibilidade de "convidar governadores" para debater o assunto e negou querer interferir no ICMS, um tributo estadual. A ideia de um valor fixo para o ICMS e da cobrança nas refinarias, e não na bomba, enfrenta resistência de governadores, que perderiam em arrecadação. "Não estou procurando encrenca, nem acusando os governadores de cobrar demais. Nós, governo federal, também cobramos demais. Agora, devemos buscar uma solução", disse.
O chefe do Executivo reconheceu que as contas estaduais e do governo estão "no limite", mas ponderou que a população também está sendo prejudicada. "Quem está com a corda no pescoço mais do que nós, presidente da República e governadores, é a população consumidora."
Bolsonaro opinou que, além dos altos impostos estaduais e federais, a margem de lucro de distribuidoras e de postos também é grande. "Então, está todo mundo errado, no meu entender. Pode ser que eu esteja equivocado", disse.
<b>Petrobras</b>
Como na última sexta-feira, o presidente voltou a repetir que não tem poder de influência na Petrobras e citou a previsão de reajuste de preços dos combustíveis. "Não é novidade para ninguém, está previsto novo reajuste de combustíveis para os próximos dias. Vai ser uma chiadeira com razão, vai. Eu tenho influência sobre a Petrobras? Não", disse. Segundo ele, caso não cumpra a lei será um "ditador".
Além da proposta apresentada na sexta sobre o ICMS, o presidente diz querer também diminuir os tributos federais, como o PIS/Cofins. "Queremos diminuir os impostos federais, agora para diminuir pela lei existente eu tenho que arranjar outro local para tirar dinheiro. A não ser que o parlamente me dê autorização para diminuir sem apontar a outra fonte para compensar isso que está sendo tirado", observou.
Sem entrar em detalhes, o presidente afirmou que "o pior pode acontecer". Ele negou, contudo, que as pressões quanto ao preço dos combustíveis sejam uma preocupação do governo. "A gente não tem a preocupação de pressões, né? Obviamente elas existem e são legítimas na maioria das vezes, mas de acordo com a pressão, todo mundo perde."
Para o presidente, o alto preço dos combustíveis "é uma incógnita que não é fácil buscar solução". "O combustível é uma coisa que afeta todo mundo, nós estamos trabalhando, em um primeiro momento, em cima do óleo diesel", comentou. Como exemplo, ele citou que parte do óleo diesel consumido no País é importada e que, por isso, a Petrobras não pode praticar preço abaixo do mercado internacional, com o risco de haver desabastecimento caso a estatal parasse de importar o combustível.