As equipes de resgate usaram máquinas pesadas, pás e cães farejadores na segunda-feira, 5, enquanto procuravam desesperadamente por sobreviventes de um deslizamento de terra na cidade litorânea de Atami que deixou pelo menos 4 mortos e 80 desaparecidos.
Duas pessoas foram encontradas com vida e sem ferimentos, segundo a emissora pública NHK, dois dias depois que uma espécie de tsunami de lama varreu vários edifícios na cidade, após chuvas torrenciais.
Atami, uma cidade de 36 mil habitantes, fica a 96,5 km a sudoeste de Tóquio. Ela está situado em uma encosta íngreme que leva a uma baía e é famosa por um resort de fontes termais. O prefeito Sakae Saito disse que a cidade ainda não havia confirmado até ontem a localização de 80 pessoas, com as autoridades verificando registros de residência e visitando abrigos, segundo a mídia japonesa.
Eiji Suzuki disse que saiu correndo de casa ao ouvir um barulho repentino e, logo em seguida, viu o deslizamento de terra se aproximando. Ele tentou voltar para casa e ajudar sua mãe de 82 anos, mas a polícia pediu que ele saísse da área e deixasse o trabalho com eles. Ela foi resgatada, mas morreu mais tarde no hospital.
Algumas áreas receberam mais chuva em 24 horas do que normalmente recebem em todo o mês de julho. Segundo autoridades locais, Atami registrou 313 milímetros de chuva em 48 horas – sexta-feira e sábado -, enquanto a média para o mês de julho foi de 242 mm nos últimos anos.
Os deslizamentos de terra são um lembrete dos desastres naturais – incluindo terremotos, erupções vulcânicas e tsunamis – que assombram o Japão, onde a capital Tóquio sediará os Jogos Olímpicos a partir deste mês. Mas a culpa pode não ser toda da natureza.
O governador da região de Shizuoka, Heita Kawakatsu, disse que a prefeitura está investigando se os projetos de construção no local também desempenharam um papel na tragédia. A suspeita é que eles tenham empurrando um grande monte de terra para um rio na região e, ao mesmo tempo, desmatado a área, reduzindo a capacidade dos solos das montanhas de reter água, de acordo com relatos da mídia japonesa.
O secretário de gabinete, Katsunobu Kato, pediu atenção por um solo tão saturado e enfraquecido que, segundo ele, mesmo uma chuva leve pode representar um perigo. O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, prometeu um esforço total para resgatar os sobreviventes.
As fortes chuvas continuaram na região de Shizuoka, assim como em outras áreas do Japão, informou a agência meteorológica nacional, que advertiu para a possibilidade de mais deslizamentos. Ainda ontem foram emitidas ordens de retirada não obrigatórias para 35,7 mil pessoas no país.
Nos últimos anos, o Japão enfrentou números recordes de inundações, com deslizamentos de terra, e, em diversos casos, com um elevado número de vítimas. (com agências internacionais)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>