Estadão

Musicais voltam à cena, agora com elencos ecléticos e rígido controle

Em 2001, com a estreia do musical Les Misérables em São Paulo, o gênero iniciou uma fase de expansão e profissionalização do mercado brasileiro, tornando-se uma grande fonte de renda para a cidade – pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas mostrou que, em 2018, os espetáculos musicais proporcionaram um impacto econômico de R$ 1,01 bilhão na capital paulista. Com a pandemia, a cadeia foi bruscamente interrompida no ano passado e, passados 18 meses de inatividade, o setor retoma a ação, com a estreia, nesta quinta, 2, de Cinderella, o Musical e Donna Summer Musical.

"E, para isso, foi necessária uma rigorosa adaptação às regras sanitárias", diz Renata Borges, diretora executiva da Touché Entretenimento, responsável por Cinderella, que volta em cartaz, agora no Teatro Liberdade. "É a mais difícil produção da minha carreira, pois lidamos com algo que não se vê, o vírus da covid-19. E, mesmo com todo o protocolo sanitário respeitado, sobra uma parcela mínima de risco."

Renata é experiente em trabalhar com grandes elencos – assinou, por exemplo, a produção de suntuosos espetáculos como Peter Pan, o Musical e Madagascar, Uma Aventura Musical, além do próprio Cinderella, que primeiro estreou em 2016. Desde então, a famosa fábula da menina pobre que se transforma em princesa continua repleta de momentos especiais – especialmente quando a Fada Madrinha (Helga Nemetik) deixa Cinderella (Fabi Bang) pronta para o baile com, literalmente, um passe de mágica (na verdade, um efeito holográfico em 3D, usado pela primeira vez em cena no Brasil).

Mas, nos bastidores, a situação agora é distinta. São menos atores no total, 22. "Tenho três elencos em paralelo, pois é preciso ter substitutos para todos os papéis", comenta Renata. "E ter um raciocínio rápido sobre o que pode acontecer. Para isso, é preciso um planejamento detalhado e planos B, C, D, E, F."

A nova rotina trouxe preciosas lições – depois que algumas suspeitas de covid surgiram no grupo, a produtora aumentou de dois para quatro o número de testes semanais. Ela também contratou uma infectologista, que aconselha o elenco e a equipe técnica, além de espalhar frascos de álcool em gel nos locais comuns e também de manter presente uma empresa especializada em higienização, que entra em ação tão logo terminam os ensaios – que vinham acontecendo, aliás, com todos usando máscara.

"Foram bons testes para o fôlego", comenta Gottsha, que vive com muito bom humor e maldade a Madrasta. "Dizer as falas e também cantar exigem mais esforço. E, pior, não sabíamos que expressão estávamos fazendo com a boca, pois ninguém estava vendo."

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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