Testemunhas trariam risco à segurança nacional, diz Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ontem que teria preferência por um julgamento de impeachment mais longo para que os atuais e ex-funcionários de alto escalão do governo pudessem testemunhar, mas a questão poderia se tornar um problema de segurança nacional.

Trump afirmou, no entanto, que cabe ao Senado decidir como lidar com o julgamento. Na terça-feira, após o Senado ter debatido até altas horas da noite as regras do processo, o Partido Republicano conseguiu bloquear todas as tentativas dos democratas de convocar autoridades como testemunhas do caso.

"A questão com John (Bolton) é que se trata de um problema de segurança nacional. Ele sabe o que eu penso, ele sabe o que eu acho sobre líderes (mundiais). O que acontece se ele revelar o que eu penso sobre um determinado líder e não for algo muito positivo?", questionou Trump ao deixar o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Trump demitiu Bolton, seu então conselheiro de Segurança Nacional, em setembro, após manter com ele uma relação tensa em que ambos divergiam sobre a abordagem ideal para países como Coreia do Norte, Irã e Afeganistão.

O aviso da demissão do ex-assessor veio por meio de um tuíte do presidente. Bolton discordava da abertura diplomática, principalmente da possibilidade de negociações com Kim Jong-un e o Taleban, que são, segundo Bolton, "inimigos dos EUA".

O presidente americano também afirmou que gostaria comparecer ao julgamento do Senado em sua própria defesa, mas seus advogados provavelmente se oporão. "Você poderia chamar de prerrogativa presidencial", disse Trump. "Na minha opinião, chamo de segurança nacional, por razões de segurança nacional."

Ontem, o presidente voltou a atacar o processo. Para ele, o impeachment é uma "caça às bruxas" e uma "farsa" e disse esperar que o Senado o absolva "rapidamente". Trump é acusado de abuso de poder ao pedir ao presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, uma investigação sobre Joe Biden, seu adversário político. Ele condicionou essa apuração à liberação de uma verba militar de US$ 400 milhões.

O presidente também é acusado de obstrução do Congresso, que tentava investigar o caso, ao impedir diversas pessoas ligadas ao seu governo de prestar depoimento e por rejeitar a entregar documentos aos investigadores durante o inquérito.

Apesar de o julgamento estar sendo marcado por debates acalorados no plenário, dificilmente o presidente será condenado. Para destitui-lo, são necessários dois terços do Senado – 67 votos. Como os republicanos hoje têm uma maioria de 53 cadeiras, de um total de 100 senadores, Trump precisaria perder o apoio de 20 aliados, o que é considerado improvável. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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