Os juros futuros de médio e longo prazos terminaram a segunda-feira em queda, influenciados pela valorização do câmbio. As taxas curtas ficaram estáveis, após mais cedo ensaiarem realização de lucros a partir da alta nas cotações das commodities. Mesmo com o Copom marcado para daqui a um mês e com os preços das matérias-primas em patamar elevado, a melhora do câmbio acaba por reforçar o plano de voo do Banco Central de apenas mais um aumento da Selic.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular na mínima de 12,62%, estável em relação ao ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2024 terminou em 11,825%, de 11,84%. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,159% para a mínima de 11,095%. E a do DI para janeiro de 2027 fechou em 10,855%, de 10,979%.
As taxas se movimentaram num ambiente de liquidez reduzida, como costuma ocorrer às segundas-feiras e com a agenda de eventos e indicadores por ainda se desenrolar nos próximos dias. Na quarta-feira, sai a ata da reunião do Federal Reserve e na sexta-feira, o IPCA de março. Ainda, no exterior, o mercado acompanha a evolução do conflito no Leste Europeu, que continua pressionando para cima os preços do petróleo e das commodities agrícolas diante da expectativa de mais aperto nas sanções contra a Rússia.
Nas mesas de operação, a leitura é que o impacto das commodities na inflação deve ser amortecido pelo câmbio, com o dólar em queda livre e chegando nesta segunda a R$ 4,60. "O dólar cai e a curva vai junto. A Selic deve permanecer ainda por um bom tempo acima de 12%, o que dá para aguentar ainda muito desaforo da inflação", comentou o operador de renda fixa da Mirae Asse Paulo Nepomuceno.
Em sua Carta Mensal, a Greenbay Investimentos afirma que, diante da proximidade do fim de "um grande ciclo de aperto monetário", mantém posição aplicada nos vértices mais curtos da estrutura a termo e comprada em inclinação de juros. "Ainda que o fim do processo de elevação dos juros possa ser adiado na margem, por conta do cenário inflacionário ainda pressionado no curto prazo, acreditamos que ambas as posições deverão performar com a redução da inflação à frente", afirma a instituição, que projeta inflação de 2023, horizonte relevante da política monetária, de 3,3%, muito próximo do centro da meta no ano que vem (3,25%).
Por ora, a greve dos funcionários do Banco Central e a mobilização dos servidores do Tesouro seguem apenas sendo monitoradas, na medida em que operações essenciais têm sido preservadas. O Sindicato Nacional de Funcionários do Banco Central (Sinal) informou que terá reunião com o secretário de Gestão e Desempenho Pessoal do Ministério da Economia, Leonardo Sultani, nesta terça-feira.