Em tom de desabafo, o técnico Steve Kerr, do Golden State Warriors e da seleção americana masculina de basquete, pediu a palavra na noite de terça-feira para lamentar o novo caso de atirador nos Estados Unidos e cobrar medidas para evitar este tipo de crime, que se tornou recorrente no país nas últimas semanas.
"Nos últimos 10 dias, tivemos idosos negros mortos em um supermercado em Buffalo. Tivemos fiéis asiáticos assassinados no sul da Califórnia. E agora temos crianças assassinadas na escola. Quando vamos fazer alguma coisa? Estou cansado disso. Estou cansado de subir aqui e dar condolências às famílias devastadas que estão lá fora… Estou cansado dos momentos de silêncio. Chega!", declarou Kerr.
As declarações, quase em tom de pronunciamento, foram feitas antes da partida entre Warriors e Dallas Mavericks, pela final da Conferência Oeste da NBA. Alternando entre irritação e lágrimas, o treinador chegou a dar um tapa na mesa da entrevista coletiva, pedindo medidas das autoridades sobre o caso.
Ele se referia à morte de 19 crianças e dois adultos na terça, quando um homem armado abriu fogo em uma escola infantil da cidade de Uvalde, no Texas. As identidades das vítimas ainda não foram divulgadas pelas autoridades. Trata-se do ataque mais mortal em uma escola primária dos Estados Unidos desde o massacre da Sandy Hook Elementary, Connecticut, em 2012.
"Todas as questões sobre basquete não importam mais. Desde que deixamos o nosso treino, 14 crianças foram mortas… (o número aumentou desde a coletiva) e uma professora… Já tivemos idosos negros mortos em um supermercado em Buffalo, asiáticos mortos no Sul da Califórnia. Agora, crianças mortas no colégio."
O assunto é delicado para Kerr por conta de uma história familiar. Seu pai, Malcolm Kerr, um intelectual especializado em Oriente Médio, foi assassinado na porta da Universidade de Beirute, da qual era presidente, no Líbano, em 1984. Malcolm foi alvejado pelas costas e não resistiu aos ferimentos graves na cabeça.
Kerr pediu medidas das autoridades americanas e cobrou publicamente os senadores sobre um projeto de lei que torna mais rígida a compra de armas no país. "Há 50 senadores que se recusam a votar no H.R. 8, que é uma regra de verificação de antecedentes que a Câmara aprovou há alguns anos. Há uma razão para eles não votarem isso: querem se manter no poder. Estou farto disso", declarou.