A pré-candidatura de César Silvestri Filho (PSDB) ao governo do Paraná não decolou e os tucanos decidiram recuar e lançar o ex-deputado estadual e ex-prefeito de Guarapuava (PR) na disputa ao Senado. A convenção estadual da federação PSDB-Cidadania ocorreu na noite de quarta-feira, 20, em Curitiba, a portas fechadas e apenas com os membros das cúpulas do partidos. A federação indicou 52 nomes para deputado estadual e 29 para deputado federal.
O PSDB tinha seis votos, enquanto o Cidadania, que integra o governo Ratinho Junior (PSD), contava com cinco. "Nossa decisão foi tomada há tempos, antes do César (Silvestri) ir para o PSDB. Sempre fomos claros que apoiaríamos a reeleição do atual governador, até a Cristina (Silvestri, deputada estadual pelo Cidadania e mãe de César) fez parte e aprovou", conta Rubens Bueno, deputado federal e presidente do Cidadania no Paraná.
Os partidos adotaram o discurso de que a candidatura de Silvestri Filho ao Senado é a decisão que une a federação, embora tenha desagradado o ex-deputado. "Não foi a minha vontade que mudou. Ela permaneceu até o último minuto. O que se impôs foi criar unidade na federação", alega o indicado ao Senado.
Silvestri Filho passou pelo PPS, atual Cidadania, e pelo Podemos antes de se filiar ao PSDB. À época, a mudança teve relação com a tentativa de João Doria (PSDB) de disputar a Presidência da República, o que não se configurou. "Não nego que isso tirou o argumento do projeto nacional", diz. "De certa maneira, a divisão dentro de casa acabou fragilizando e minando a candidatura ao governo", avalia.
No Estado, os tucanos, que têm quadros ligados ao atual governo, falam em neutralidade em relação à corrida ao Palácio Iguaçu. Pela segunda eleição consecutiva, o partido que teve o governador entre 2011 e 2018 não concorrerá ao cargo. Em 2018, o PSDB apoiou a candidata derrotada Cida Borghetti (PP), tendo o ex-governador Beto Richa (PSDB), presidente estadual do partido, como candidato ao Senado – antes de ser preso e desistir da disputa. Agora, os tucanos miram no fortalecimento das candidaturas à Câmara dos Deputados.
"O PSDB do Paraná passou até 2018 muito a reboque da votação do Beto Richa, e ele nunca foi um político que fizesse questão de estruturar o partido. Ele dava mais espaço para os demais partidos que faziam parte da composição do governo", avalia o cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Emerson Cervi. Para ele, também houve nacionalmente um período de "absoluta decadência" do PSDB.
Tucano agora terá de enfrentar Alvaro Dias e Moro
Silvestri Filho figurava na terceira colocação nas pesquisas de intenção de votos divulgadas durante a pré-campanha, atrás de Ratinho Junior, com possibilidades de vencer no primeiro turno, e do ex-governador e ex-senador Roberto Requião (PT). A disputa também ganhou um novo nome. O ex-deputado federal Ricardo Gomyde (PDT) foi indicado em convenção do partido, que chegou a negociar apoio a Requião.
Na corrida ao Senado, o tucano terá de encarar um cenário dominado pelo senador Alvaro Dias (Podemos) e pelo ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (União Brasil), que lideram as pesquisas. Outro concorrente é Paulo Martins (PL), candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), e que poderá receber apoio também do governador.
"(Silvestri) Não saía dos poucos percentuais. Não havia alterado nada até aqui na disputa ao governo. O mesmo pode valer para a candidatura ao Senado. Ele está entrando num perfil de eleitorado já muito ocupado por Alvaro e Moro. Pode, no máximo, interferir numa votação mais regionalizada, no centro-sul do Paraná", indica o cientista político.