Estadão

Em evento, Fachin questiona: A quem interessa o ataque às urnas e à democracia?

O ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, realizou nesta quinta-feira, 28, mais um discurso em defesa do sistema eleitoral e das urnas eletrônicas ressaltando que os ataques e ofensas às instituições democráticas não trazem ganhos civilizatórios e em nada contribuem para a solução dos verdadeiros problemas coletivos . O magistrado defendeu blindar as instituições e questionou: A quem interessa o ataque às urnas eletrônicas, à justiça eleitoral e à democracia? .

A declaração integrou o discurso do presidente do TSE durante a abertura da 188ª reunião ordinária do Conselho Pleno da Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em Brasília, e se dá em meio da mobilização da sociedade civil em defesa do sistema eleitoral após os reiterados ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas.

Fachin prega uma união alerta em resguardo da institucionalidade e da normalidade eleitoral e um atuar intenso em defesa dos fatos, do direito e da verdade, para que a sociedade constitucional não sucumba .

"Apenas as instituições democráticas têm condições de sustentar a paz e os direitos, independentemente dos arroubos e inclinações de governantes passageiros. A democracia é, por excelência, uma forma de organização em que o poder político não tem proprietários, mas somente inquilinos", ponderou Fachin, em discurso realizado a 65 dias do primeiro turno das eleições 2022.

O presidente do TSE ainda sustentou que a agressão às urnas eletrônicas é um ataque ao voto dos mais pobres .

Além disso, pregou que é hora de recusar o abismo ideológico e as baixezas externas, elevar a racionalidade e abolira temporada das falácias e do dogmatismo . "É tempo de restabelecer uma forma de comunicação política que cumpra o seu papel utilitário, que é legítimo, mas que não enterre a sociedade em um conflito permanente, tampouco a democracia num processo de erosão, alavancado, indevidamente, pela indústria hi-tech das mentiras", indicou.

Nesse contexto, Fachin citou imperativos éticos que devem ser observados por comunicadores políticos e formadores de opinião . Segundo ele, os tópicos foram aparentemente esquecidas, mas urgem ser recordados, para o bem do espaço cívico e para o futuro da nação .

O magistrado citou: dever de abstenção , de abandonar as mentiras e a lógica de ataques ; dever de resistência , de recusar a retórica conflitiva, o convite à violência ; o dever de vigilância endógena , consistente na obrigação de reprovar, expedita e expressamente, assim como desincentivar, de maneira geral, a violência – física ou simbólica – praticada por correligionários e apoiadores ; e o dever de vigilância exógena , de denunciar atos antidemocráticos e não permitindo a sua naturalização .

Além de tais deveres, o presidente do TSE ressaltou o compromisso cívico, no sentido de preservar o patrimônio democrático, defendendo, ativamente, o Estado de Direito, as instituições públicas e os fundamentos da democracia liberal. "Numa expressão: trata-se de salvar a democracia", indicou.

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