Uma semana após o presidente Jair Bolsonaro declarar "guerra" ao governador João Doria (PSDB) e convocar empresários ligados a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) a "jogar pesado" com o tucano em uma live com mais de 500 representantes do setor, o presidente da entidade, Paulo Skaf (MDB) publicou nas redes sociais pela primeira vez um vídeo com duras críticas ao governo paulista. O empresário, porém, foi o único do grupo que encampou publicamente o discurso anti-Doria.
Idealizado por Skaf, que é pré-candidato ao governo paulista em 2022 e desafeto de Doria, o grupo que ouviu o "apelo" do presidente se chama Diálogos pelo Brasil e conta com os maiores líderes empresariais do País. Entre outros, fazem parte Abílio Diniz, presidente do Conselho de Administração da Península Participações, André Gerdau, do Grupo Gerdau, Constantino Junior, da Gol, Edgard Corona, do grupo Bio Ritmo e Smart Fit, e Carlos Sanchez, presidente da EMS. Todos eles estavam presentes na live da semana passada.
Para ampliar a pressão sobre o Palácio dos Bandeirantes, Skaf decidiu abrir a live para mais de 500 lideranças ligadas à Fiesp, entre diretores, conselheiros e dirigentes regionais.
Apesar de defenderem o relaxamento gradual do isolamento social e a tese de dar mais autonomia aos prefeitos para evitar a judicialização, os capitães da indústria não querem se expor e entrar em confronto aberto com Doria, que também é líder empresarial e foi fundador do Lide (Grupo de Líderes Empresariais). Coube então a Skaf vocalizar a bandeira empresarial que une o setor.
"Essas medidas que o governo do Estado de São Paulo vem tomando de forma horizontal tratando todos os municípios da mesma forma prejudica todo mundo. Se nós temos 645 cidades em São Paulo são 645 histórias", disse o dirigente empresarial, aliado político de Bolsonaro, que deve levá-lo para seu novo partido, o Aliança pelo Brasil, quando a sigla sair do papel. "Vamos completar 70 dias parados. Não conheço nenhum país do mundo que tenha passado de 70 dias", disse o empresários. Ainda segundo o presidente da Fiesp, a antecipação dos feriados foi "mais uma medida improvisada e sem planejamento".
<b>Resposta</b>
O secretário de Desenvolvimento Regional de São Paulo e presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi, reagiu às críticas de Skaf. "É triste que na semana que São Paulo tenha atingido o seu recorde de mortos, o presidente da Fiesp decida fazer comício em velórios. O gesto de Skaf ignora o sofrimento de cinco mil famílias. Não por acaso, Skaf perdeu todas as eleições que disputou", disse o tucano ao <b>Estadão</b>. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>