Estadão

Bolsas da Europa fecham mistas com quadro energético na véspera do BCE

As bolsas da Europa fecharam mistas nesta quarta-feira, à medida que o agravamento da crise energética na região amplia a pressão por uma resposta do Banco Central Europeu (BCE) aos efeitos inflacionários na decisão monetária de quinta-feira. Dados mais fracos que o esperado da balança comercial chinesa também impuseram cautela, mas o tom positivo em Wall Street ajudou a atenuar perdas.

Por volta das 12h50 (de Brasília), o índice pan-europeu Stoxx 600 caía 0,57%, a 412,01 pontos.

Desde o início da semana, um clima de aversão ao risco penaliza os mercados europeus, depois que a estatal russa Gazprom interrompeu o fornecimento de gás natural pelo gasoduto Nord Stream 1. Em resposta, a União Europeia anunciou uma série de medidas para evitar um racionamento severo de energia, entre elas metas para redução do consumo de eletricidade.

Para a Oxford Economics, o cenário provocará uma recessão na zona do euro no final deste ano e início do próximo. A instituição também passou a prevê um quadro mais duradouro de espiral inflacionária, o que forçará o Banco Central Europeu (BCE) a aumentar juros em 150 pontos-base até o fim de 2023, de acordo com a análise. "Embora as taxas de juros ainda sejam relativamente baixas pelos padrões históricos, nunca vimos o BCE apertar política monetária tão rapidamente", destaca.

Para a decisão de quinta-feira, a expectativa majoritária no mercado é por uma elevação de 75 pontos-base, mas analistas não descartam a possibilidade de um aperto mais brando. "Entre a queda do crescimento e as preocupações de que o aumento da inflação possa começar a desancorar as expectativas, o BCE se encontra em uma situação incrivelmente difícil e está cada vez mais sob pressão para tomar medidas mais agressivas", resume o Morgan Stanley.

Diante das incertezas, investidores evitaram movimentações bruscas e as praças europeias não exibiram sinal único. Em Londres, o índice FTSE 100 fechou em baixa de 0,86%, a 7.237,83 pontos. Um dia após assumir o cargo de primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss indicou nesta quarta que não entrará em confronto com a União Europeia (UE) nas negociações sobre o Protocolo da Irlanda do Norte no acordo do Brexit, a saída do país do bloco.

Indicadores econômicos também ajudaram a desestimular a busca por ações. Na China, as exportações do país cresceram 7,1% na comparação anual de agosto, bem menos que a alta de 18% em julho, segundo informaram autoridades locais nesta quarta. Já a produção industrial alemã recuou 0,3% em julho ante junho.

Apesar da prudência , a abertura positiva das bolsas de Nova York melhorou o ambiente de negócios do outro lado do Atlântico.

Em Paris, o CAC 40 avançou 0,02%, a 6.105,92 pontos, enquanto o DAX, de Frankfurt, ganhou 0,35%, a 12.915,97 pontos. Na Bolsa de Milão, o FTSE MIB aumentou 0,04%, a 21.489,36 pontos.

Nas praças ibéricas, o Ibex 35, de Madri, subiu 0,35%, a 7.869,80 pontos, conforme dados preliminares, e o PSI 20, de Lisboa, cedeu 0,48%, a 5.937,89 pontos.

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