Estadão

Ibovespa corrige altas e tenta defender 112 mil pontos apesar de ganho em NY

Após instabilidade, o Ibovespa cai, tentando defender ao menos defender a marca dos 112 mil pontos, depois de subir 0,51%, na máxima diária dos 113.087,79 pontos. Como subiu nas duas últimas sessões, passa por moderada correção, em dia de decisão sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos. Já as bolsas europeias e dos Estados Unidos sobem após perdas recentes.

Há pouco, o índice acentuou a queda, chegando a perder o nível dos 112 mil pontos, na contramão da alta firme das bolsas norte-americanas.

O índice da Bolsa, como observa Leonardo Neves, especialista em renda variável da Blue3, tem operado na direção oposta do mercado de ações em Nova York. Ontem, quando aqui houve alta de 0,62% e de 2,33% na segunda-feira, Wall Street perdeu cerca de 1%, em meio à cautela com Fed, que decide juros à tarde.

"O Ibovespa realiza um pouco após as altas recentes", diz Neves. "Espera-se que o Fed suba o juro em 0,75 ponto porcentual, levando ao maior nível dos últimos 40 anos. Mas há estimativas de aumento de um ponto. Se isso acontecer, pode estressar. Os mercados ficarão de olho nas indicações do Fed para a economia americana", afirma o especialista da Blue 3.

Já o viés de alta do petróleo após novos sinais de estresse no leste europeu, ajuda a atenuar o recuo do Ibovespa, após ofensiva do presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Porém, o minério cai na China. Ou seja, como os fatores são variados e há a espera pelo Copom e pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), a queda do indicador da B3 não é firme.

Os ganhos nos mercados de ações do ocidente são moderados, numa indicação de certa cautela dos mercados enquanto esperam a decisão de política monetária do Fed, às 15 horas. Espera-se que no mínimo os juros por lá subam 0,75 ponto porcentual.

A expectativa maior recai nas palavras do presidente da autoridade monetária norte-americana, Jerome Powell (15h30), a fim de se ter um norte sobre os próximos passos do Fed e em relação a uma eventual recessão nos EUA. Caso o juro americano suba 0,75 ponto, irá para o nível entre 3,00% e 3,25% ao ano.

Além de esperar aumento de tal magnitude, a chefe de economia da Rico, Rachel de Sá, diz, em nota, esperar que banco Centrão dos Estados Unidos "dê uma mensagem bastante forte contra a inflação – impactando os mercados de maneira relevante."

Em relação ao Copom, o investidores ficarão de olho no comunicado do Copom, na tentativa de desvendar o fim do ciclo de alta da Selic, cuja estimativa majoritária é de manutenção em 13,75% ao ano no começo da noite.

De acordo Neves, da Blue3, uma manutenção da Selic está precificada pelo mercado. Porém, pondera que ainda assim pode reforçar a visão otimista em relação à economia brasileira, em meio à recuperação da atividade e queda na taxa de inflação. "Isoladamente pode trazer certo alívio para a Bolsa. O Brasil está conseguindo destoar em relação a outros países por questões internas", avalia o especialista.

A LCA, que está na corrente de projeção de Selic inalterada hoje, argumenta que a previsão está amparada nos sinais de relevante moderação da inflação corrente, que vem sendo aliviada pelas expressivas desonerações tributárias pré-eleitorais, no recuo recente das expectativas inflacionárias – sobretudo para 2022, mas também, em menor grau, para 2023.

Às 11h24, o Ibovespa cedia 0,20%, aos 112.287,11 pontos. Após subir, as ações da Petrobras caíam 0,06% (PN) e 0,12% (ON). Vale ON recuava 0,33%.

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