O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, descartou a possibilidade de, se eleito, intervir no agronegócio. "Não é possível que um governo seja maluco de querer fazer intervenção", afirmou o petista em entrevista ao Canal Rural gravada ontem e exibida nesta quarta-feira, 21.
"Se você tentar fazer produção e bloquear, vai quebrar a cara mesmo. Você quebra a cara do Brasil, do negócio e quebra a cara da sua respeitabilidade no mundo", acrescentou o petista. A entrevista é uma tentativa de reconciliação do candidato com o mundo do agronegócio, que causou revolta no setor após dizer em entrevista no <i>Jornal Nacional</i> que parte dele é fascista.
A declaração de Lula vem em meio à insegurança do setor sobre a política para alimentos em um eventual governo petista. Inicialmente, as diretrizes do programa de governo do ex-presidente, registradas junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), citavam o termo "regulação da produção agrícola". O fato desagradou ao setor produtivo e foi visto como sinalização de intervenção. O termo acabou retirado da versão final das diretrizes, mas, recentemente, em comício, Lula falou sobre "repensar a distribuição da carne" e "deixar um pouco" no mercado interno, o que também foi recebido com cautela.
Para Lula, a solução para o impasse da produção de alimentos é ampliar o poder de compra da população. "Todos os países do mundo, normalmente, a tradição da exportação é: você exporta aquilo que você não consome, ou o excedente. Você não pode exportar o alimento que falta para o Brasil. Para aquilo que está faltando no Brasil, é o povo ter poder aquisitivo para poder comprar carne. Na hora que o povo tiver poder aquisitivo para comprar carne, quem produz carne vai vender no mercado interno", argumentou na entrevista.