O ex-governador de São Paulo e candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB), disse que "não guarda mágoa de ninguém" ao ser questionado em sabatina realizada pela <i>Folha e UOL</i> sobre o seu relacionamento com o ex-prefeito de São Paulo João Doria. "Santo Antonio de Pádua já dizia quando não puder falar bem não diga nada. Ele era filiado ao meu partido, quis ser candidato a prefeito e pediu meu apoio. Não guardo mágoa de ninguém e também não critico o PSDB", disse Alckmin.
Sobre Ricardo Salles, que foi secretário de Meio Ambiente em São Paulo e seu secretário particular, Alckmin disse que teve ótimos secretários da pasta, citando outros nomes e afirmou que ele era "durão" na área ambiental. "Ele foi indicado pelos partidos que me apoiaram. Quando era secretário do Meio Ambiente, era até radical, lacrando os lixões. Ele mudou quando foi para o Ministério e passou a seguir o chefe (Jair Bolsonaro)", afirmou.
Alckmin voltou a defender reforma política com menos partidos e voto distrital misto para evitar corporativismo e fragmentação partidária. "Todos os partidos se enfraqueceram e isso exacerbou o personalismo. É melhor ter menos partidos e mais programáticos", afirmou.
<b>Desmatamento</b>
Em defesa ao combate ao desmatamento ilegal, Geraldo Alckmin disse que o desmatamento não é feito pelo agricultor. "É uma vergonha o que está ocorrendo na Amazônia. É uma ação rápida e acho que dá para melhorar muito. O desmatamento não é feito pelo agricultor. É feito por grileiro de terra", afirmou na sabatina.
Alckmin afirmou também que a questão ambiental é central no programa de governo do ex-presidente Lula. "A questão das mudanças climáticas é central para o planeta. Esse é um compromisso do presidente Lula. Ele tem sido incisivo nisso e Marina Silva faz parte da nosso a frente como candidata pela Rede", afirmou. Alckmin também citou a necessidade de monetização da biodiversidade fornecendo renda à população da Floresta Amazônica.
Considerado um interlocutor de Lula com o agronegócio, o ex-governador atribuiu a resistência do setor com Lula à falta de diálogo. "Houve um pouco de falta de diálogo, mas já está mudando a resistência do agro", afirmou. Sobre a mudança, ele citou a adesão de ruralistas à chapa petista, entre eles o deputado federal Néri Geller (PP-MT), vice-presidente da bancada ruralista, e o senador licenciado Carlos Fávaro (PSD-MT). "É outro momento até porque não se pode desapropriar terras", afirmou.
Em tentativa de aproximação com o setor, Alckmin citou uma série de ações e medidas do governo Lula para o agro. Entre elas, os juros atrativos para financiamento de máquinas agrícolas e armazenagem e o crescimento da produção agrícola no período. "Lula vai garantir mercados. Estamos muito dependentes da China", afirmou.
Na relação entre agronegócio e meio ambiente, Alckmin apontou que há protecionismo pela questão ambiental que pode afetar o setor. "Boa parte do agro já percebeu que a destruição da Amazônia, que não é feita pelo agricultor, pode acabar prejudicando as exportações brasileiras", argumentou.
<b>Privatizações</b>
O ex-governador paulista também disse que é contrário à privatização de grandes estatais, citando a Petrobras, o Banco do Brasil, o BNDES e a Caixa Econômica Federal. "Há mais de 100 estatais, que devem ser avaliadas caso a caso. Temos que trazer investimento privado, com concessão e parceria público-privada. O governo não tem recursos para investir em tudo. É preciso trazer investimento com marco regulatório, segurança jurídica e agenda de Estado", afirmou.
Alckmin também comentou sobre o teto de gastos, vigente até 2026. "A responsabilidade fiscal é essencial, mas uma regra que engessa não é adequada no momento de investir. E esse teto não é cumprido com 10% de déficit", criticou. "Vamos aprofundar o instrumento", acrescentou.