O assessor especial de Estudos Econômicos do Ministério da Economia, Rogério Boueri, disse nesta terça-feira, 18, que o governo não é tão bom quanto o mercado para indicar os profissionais e áreas mais preparados para gerenciar recursos. A afirmação foi feita durante almoço com empresários realizado pelo Instituto Unidos Brasil (IUB), em Brasília. De acordo com ele, haverá cada vez mais um pente fino para definir o destino de verbas públicas.
"Vamos selecionar quem vai receber o dinheiro público. Além da questão de corrupção, causa problema na alocação de recursos. Isso foi o que aconteceu no governo Dilma Rousseff, um absurdo. O governo não sabe escolher quem são os melhores para administrar os recursos, o mercado sabe."
Boueri salientou que o mercado de trabalho está muito bom no País, no que foi logo interrompido por um dos presentes para dizer que a ênfase se dá no setor de serviços.
De acordo com ele, considerando apenas trabalhadores celetistas, há um total de 52 milhões de pessoas empregadas. "Temos um recorde absoluto da serie. Quando a imprensa fala que é emprego informal, a gente tem que mostrar que o governo formal também está", afirmou, acrescentando que os dados positivos se dão em um momento em que a população está envelhecendo. "Não era para estar batendo recorde agora." O assessor enfatizou, porém, que os trabalhadores formais são, em média, 2,1 vezes mais produtivos do que os informais. "Então, isso é melhor", avaliou.
Depois da provocação dos empresários, Boueri salientou que o setor de serviços está realmente puxando o emprego no Brasil e destacou que, se o dado for aberto, é o segmento de tecnologia da informação, o que mais preenche vagas. "São serviços altamente especializados, o que é uma ótima notícia. Esta é uma tendência do mundo na qual o Brasil finalmente está chegando. Deixa a China e o Vietnã fazerem o negócio, e a Europa faz o design, que é muito mais valorizado", comparou.
<b>Selic</b>
No evento, Rogério Boueri previu que o Banco Central vá reduzir a Selic de forma mais rápida do que a projetada atualmente pelo mercado financeiro. Ele disse que as pressões inflacionárias estão sob controle e que o efeito mais forte da política monetária está sendo sentido agora. "Isso não é o Ministério da Economia que está falando, é o BC", disse, explicando que tinha "roubado" um gráfico da autoridade monetária.
A partir de março de 2023, de acordo com o assessor, o freio de mão (Selic) não estará mais puxado. "O menor impacto será de dezembro a março. O freio de mão está puxado agora, mas não estará puxado no ano que vem. Obviamente que a Selic é um instrumento do BC. O que a gente acha que vai acontecer é que, em meados de 2023, talvez um pouco antes – mas, mais uma vez, esta é uma opinião pessoal -, a taxa começa a cair. O mercado também está achando isso", considerou.
Boueri comentou também sobre o descolamento "meio que inédito" das políticas monetárias local e dos Estados Unidos. "Os EUA estavam subindo taxas enquanto nós ficamos estáveis. O mercado está esperando essa queda (dos juros), e nós também. Acho que o mercado vai errar, pois o gráfico (<i>do boletim Focus</i>) mostra uma trajetória ainda alta", disse.
Para ele, os preços de alimentos estão em queda o que faz a inflação de alimentos diminuir. "Acho que a taxa de juros vai cair mais rápido do que o que o mercado está pensando."
<b>Riscos</b>
O principal risco para a economia brasileira no ano que vem é a recessão global, na avaliação do assessor do Ministério da Economia. "Por mais que a gente possa sentir os impactos, serão menores do que uma economia mais aberta sentiria", comparou Rogério Boueri.