O coronel Marcelo Salles afirmou neste sábado que está deixando o cargo de comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo "por opção pessoal" e que "não há nenhum tipo de mágoa" em relação ao governador João Doria (PSDB) e ao secretário estadual da Segurança Pública, general João Camilo Pires de Campos. A saída do coronel foi confirmada pelo governo.
É "hora de renovação", segundo Salles. "Estou realizado. Não tenho apego a cargos. É uma função que não tem dia, não tem hora. Acompanho tudo na ponta do lápis. Saio feliz com o trabalho", disse ele, que esteve no comando da corporação desde maio de 2018, quando foi escolhido pelo então governador Márcio França (PSB), adversário político de Doria.
Conforme o jornal O Estado de São Paulo apurou, a relação de Salles com o governador vinha se desgastando desde o ano passado e piorou após a tragédia de Paraisópolis, em dezembro, quando nove jovens morreram pisoteados durante uma ação policial em baile funk na comunidade da zona sul paulistana.
Salles afirmou que o episódio marcou "um momento tenso, mas ele (Doria) nunca interferiu no inquérito". O coronel classificou como "disse-me-disse" as informações sobre a relação dele com o governador. "Meu pai é policial militar, eu nasci no hospital da PM. Cumpro ordens. Quero mesmo é agradecer ao governador, ao Márcio França e ao general João Camilo."
Veio a público esta semana a conclusão da Corregedoria da PM de que a ação policial levou às mortes, mas o inquérito pede que os agentes não sejam alvo de punição, porque teriam agido em legítima defesa. Outra investigação, essa da Polícia Civil, continua em andamento.
Legado. Segundo Salles, seu maior legado à frente da PM é ter contribuído para a redução dos índices de criminalidade no Estado, a diminuição de custos e a modernização da corporação. "Bandido não tem arma melhor do que a polícia em São Paulo hoje". E também um trabalho de "humanização no tratamento com a tropa". "Fui um modesto maestro, o mérito é totalmente de quem está na rua", diz.
O jornal O Estado de São Paulo apurou que Salles tem convites para concorrer a vereador de São Paulo neste ano. "Nem eu nem ninguém da ativa pode falar em política. Por enquanto, vou descansar e voltar a dar aulas".
Antes de assumir o comando da corporação, Salles já tinha sido ajudante de ordens do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), comandante da Cavalaria e havia atuado na Defesa Civil e na Casa Militar. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>