Estadão

PT pede ao TSE providências sobre suposto favorecimento de PF e PRF a Bolsonaro

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos coordenadores da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tome providências sobre suposto uso da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em favorecimento ao presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).

Na noite de sexta, 28, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou em uma rede social que soube de denúncias a respeito. "Chegaram a nosso conhecimento denúncias de que PF e PRF estariam sendo instrumentalizadas pelo governo para fazer operações com objetivo eleitoral. Diante de quem nunca hesitou em usar o Estado contra adversários, estamos pedindo providências ao TSE, em nome da lisura da eleição", escreveu no Twitter.

O <i>Estadão/Broadcast</i> vem mostrando, desde o primeiro turno, relatos de pressão de integrantes do governo sobre a Polícia Federal para retomar alguma ação em torno da facada sofrida por Bolsonaro em 6 de setembro de 2018, como forma de recolocar o assunto no noticiário. O presidente e aliados sempre tentaram vincular o caso à esquerda e existe uma avaliação entre analistas políticos de que o episódio desencadeou uma espécie de "voto por empatia".

O delegado responsável pelo caso, Martín Bottaro Purper, da Diretoria de Inteligência Policial, reabriu o inquérito e solicitou um novo depoimento do autor da facada, Adélio Bispo, argumentando a necessidade de identificar eventuais mandantes ou financiadores do atentado. A PF, porém, já conduziu dois inquéritos a respeito sem encontrar vinculações partidárias ou políticas, destacando ainda que não teria havido mandantes.

Procurado mais uma vez na tarde deste sábado, 29, o Palácio do Planalto não se manifestou. A Polícia Federal tem dito que não fala publicamente sobre investigações em andamento.

<b>Petição</b>

Na ação ao TSE, Teixeira lista matérias jornalísticas para basear seu pedido de providências. Uma delas aponta que uma operação da PF poderia atingir aliados de Lula a poucos dias da eleição e outra relata apuração aberta pelo Ministério Público Eleitoral para investigar possível uso eleitoral da PRF por Bolsonaro. Também há uma notícia sobre operação especial da PRF em estradas que cortam a Bahia para coibir crimes eleitorais.

Na petição, Teixeira destaca que "a instrumentalização das instituições para criar fatos políticos artificiais e ingerir no processo eleitoral, lamentavelmente, têm sido cada vez mais frequentes".

No início de outubro, Bolsonaro autorizou a nomeação de 625 candidatos aprovados em concurso da Polícia Rodoviária Federal. A lei eleitoral restringe a nomeação de servidores durante a campanha. Apesar disso, o Ministério da Justiça e Segurança Pública argumentou que "a não nomeação imediata de pessoal para a PRF comprometeria o funcionamento inadiável das atividades de segurança pública e segurança viária".

De acordo com o PT, as ações são "concertadas para beneficiar o candidato Bolsonaro" e "adquire contornos deveras sensíveis, notadamente em vista dos anúncios públicos a respeito da realização de operações em regiões historicamente favoráveis ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva".

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