O dólar teve uma sessão volátil e de liquidez estreita, que se refletiu na cotação final da moeda, que terminou o dia em leve alta, bem perto dos ajustes da véspera. Alguma pressão da queda das commodities foi observada à tarde, embora o noticiário local, com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição ainda sendo assimilado, prevalecendo.
A moeda americana à vista subiu 0,20%, aos R$ 5,2161. Entre a máxima (R$ 5,2531) e a mínima (R$ 5,1914) foram pouco mais de seis centavos de diferença. No segmento futuro, o dólar para janeiro subiu para R$ 5,2555 (+0,45%). Termômetro da liquidez, o futuro movimentava pouco mais de R$ 10,5 bilhões, só maior na semana que a segunda-feira de jogo do Brasil na Copa do Catar. Nesse ambiente, a venda integral de US$ 3 bilhões em leilão de linha de dólares com compromisso de recompra pelo Banco Central ajudou a dar liquidez aos negócios.
Pela manhã, o dólar operou em queda e chegou a ceder abaixo dos R$ 5,20 com a desmontagem de algumas posições defensivas e relatos de ingresso de fluxo comercial. Mas das 14h30 adiante a moeda se firmou no território positivo, ainda que de maneira discreta.
O pano de fundo do dia seguiu sendo o desenlace da situação fiscal do País em 2023. A PEC da Transição foi aprovada ontem à noite pelo Senado e, contrariando algumas apostas, não houve uma desidratação adicional do texto. A proposta tem impacto fiscal de R$ 168 bilhões, sendo R$ 145 bilhões de expansão do teto de gastos para acomodar mais recursos para programas sociais e R$ 23 bilhões extrateto para investimentos.
A PEC foi direcionada para a Câmara, onde deve ser apreciada na semana que vem. Na Casa, contudo, pode não ter vida tão fácil, já que depende do desfecho do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o orçamento secreto. Nesta pressão, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse a aliados que o texto da PEC aprovado no Senado não foi acordado com os deputados, como apurou o Broadcast Político.
E nesse cenário de incerteza, agentes do mercado viram espaço para valorização do dólar hoje. "A subida do dólar hoje É muito reflexo da aprovação da PEC que vai aumentar consideravelmente o teto de gastos, aumentar o Bolsa Família. E a tendência é de o dólar ir aumentando no curto, médio prazo a partir do momento que você não tem um governo austero com os gastos. São efeitos de um governo que muito provavelmente vai querer gastar bem mais", avaliou o CEO da Trace Finance, Bernardo Brites.
Para o curtíssimo prazo, Brites acredita que o dólar deve andar mais "de lado", esperando as definições do novo governo.