O papa Francisco afirmou que o processo que culminou na prisão do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), começou devido a "notícias falsas" contra o petista. Em entrevista publicada neste domingo, 18, pelo jornal espanhol <i>ABC</i>, o sumo pontífice declarou que a disseminação de fake news pode "destruir a vida de uma pessoa" e que o julgamento do líder do PT "parece não ter sido adequado".
"Começou com notícias falsas na mídia, que criaram uma atmosfera que favoreceu a colocação de Lula em um julgamento", afirmou o papa. "Um julgamento deve ser o mais limpo possível, com tribunais que não tenham outro interesse a não ser fazer justiça".
Lula foi preso em abril de 2018, condenado no âmbito da Operação Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex de Guarujá (SP). A condenação expedida pela força-tarefa foi mantida pelo TRF-4 e, posteriormente, pelo STJ.
No ano seguinte, foi alvo de outra condenação, dessa vez pelo caso do sítio de Atibaia (SP). O petista foi acusado pelo Ministério Público de usar os imóveis para receber propina de empreiteiras, com reformas e benfeitorias personalizadas.
O presidente eleito saiu da prisão após o Supremo Tribunal Federal (STF) declarar inconstitucional a prisão após condenação em segunda instância, que era o caso do petista. A Corte entendeu que um condenado tem o direito de aguardar em liberdade a decisão definitiva da Justiça até que estejam esgotados todos os recursos.
Lula tornou-se elegível após decisão do ministro Edson Fachin, do STF, que anulou as condenações por considerar que a 13ª Vara Federal de Curitiba não tinha competência para julgar as denúncias de corrupção. Depois de apontar a incompetência da Vara, o STF também declarou suspeição do ex-juiz Sérgio Moro.