A camisa florida, a voz profunda, os cabelos grisalhos penteados numa imperfeição perfeita, a gargalhada inconfundível, o choro que surge de supetão. São vários os elementos que fazem com que as conversas com Sidney Magal se tornem quase mágicas. Ele é, afinal, o cantor que deu voz a músicas absolutamente conhecidas, como Sandra Rosa Madalena, e que se tornou uma espécie de lenda dentro e fora da música popular brasileira.
Agora, aos 72 anos, sua história começa a ser esmiuçada no documentário Me Chama Que Eu Vou. Já em cartaz nos cinemas brasileiros, o longa é um filme-celebração. Mais do que contar a trajetória do artista, Me Chama Que Eu Vou mostra o impacto da existência de Sidney Magal na vida de terceiros – filhos, mulher, netos e, é claro, fãs. Não à toa, o documentário é apenas parte de um projeto maior de Joana Mariani e Diane Maia, que também já preparam o lançamento de um longa sobre o cantor. Há, também, um livro sendo escrito sobre ele.
<b>Pessoa comum</b>
"É uma alegria ter virado um documentário", diz Magal ao <b>Estadão</b>. "Eu dizia que não era uma pessoa tão interessante para um filme, um livro, um documentário. Sou uma pessoa comum que, em todos esses anos de carreira, do qual a mídia sempre mostrou as coisas boas. De um show, da filha que nasceu, por aí vai. Não eram coisas incríveis. Sou uma pessoa muito transparente, com uma vida muito simples. E aí resisti um pouquinho pra fazer. Não queria que as pessoas vissem o filme e pensassem que babaquice. Queria que as pessoas sentissem alguma coisa. E acho que a Joana conseguiu. Estão ali todas minhas histórias."
Joana, aliás, não só assina a produção do longa-metragem e do documentário, como também é a diretora de Me Chama Que Eu Vou. Ela, que se assume como fã e amiga do cantor de Meu Sangue Ferve Por Você, está vivendo um sonho: celebrar Magal em vida.
"A gente já se conhecia. Fizemos o clipe do Tenho e depois não perdemos o contato. Virou uma relação pessoal", conta Joana. Ela primeiro tinha a ideia de um longa sobre Magal, mas uma proposta da GloboNews juntou a ideia de também fazer o documentário que chegou na semana passada aos cinemas. "Sabia que o documentário não seguiria o caminho tradicional, com entrevistas e pessoas falando dele. Tem muito material de arquivo. A questão era que precisava ir além com uma personagem muito midiática, explorada por quase 60 anos."
A saída encontrada por Mariani para não cair no óbvio no documentário foi fazer essa celebração sobre o ser humano – seja ele Sidney Magal ou, simplesmente, Sidney Magalhães, nome de batismo do cantor carioca. "Entendi que o que as pessoas não conheciam era o que eu conhecia", resume Joana. É o Magal caseiro, eterno apaixonado por Magali, que tem suas vaidades, mas também suas fragilidades. E no documentário tem mais Magalhães ou Magal? Teve medo de ir além em uma dessas personalidades? "Talvez eu tenha tido medo de ser muito Magalhães e pouco Magal", admite o cantor. "Muito Magal, não. É como as pessoas me veem o tempo todo. É fácil controlar o Magal."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>