Estadão

Motivação de chacina de família no DF foi chácara de R$ 2 milhões, diz polícia

A Polícia Civil do Distrito Federal concluiu que a chacina que resultou na morte de dez pessoas da mesma família, no Distrito Federal, foi motivada pelo interesse dos criminosos em, após os assassinatos, negociar a venda de uma chácara em Itapoã, que foi avaliada em cerca de R$ 2 milhões. As investigações mostram, também, que havia interesse em sacar dinheiro das contas bancárias das vítimas, além de roubar quantias em espécie.

Os cinco autores da chacina que chocou todo o País poderão pegar entre 190 e 340 anos de prisão, segundo cálculos preliminares da Polícia Civil do Distrito Federal, com base nas tipificações de crimes. Há ainda o envolvimento de um sexto integrante, um adolescente de 17 anos. Nesta sexta-feira, 27, a Polícia Civil detalhou as ações dos criminosos.

O delegado Ricardo Viana, da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), responsável pela investigação que acabou sendo batizada "Operação inominada", disse que as investigações apontam para uma associação criminosa qualificada e armada, um grupo que já cogitava realizar os crimes desde outubro do ano passado.

Os crimes são de latrocínio consumado, corrupção de menores, extorsão mediante sequestro qualificado, homicídio qualificado por motivo fútil, ocultação de cadáver e destruição de cadáver.

Em seus 27 anos de carreira, o delegado Ricardo Viana disse que nunca vira um crime com tanta crueldade, com vítimas carbonizadas, outras esfaqueadas e enterradas com mordaças e mãos amarradas.

Os cinco acusados e que estão presos após confessarem seus crimes são Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos Ferreira Barbosa, Fabrício Silva Canhedo, Carlomam dos Santos Nogueira e Carlos Henrique Alves da Silva.

O local que seria usado como cativeiro para colocar as vítimas e onde corpos foram encontrados foi alugado em outubro do ano passado, quando o plano já estava em andamento. Além do interesse em ficar com as terras da chácara, o grupo sabia que Cláudia Regina Marques de Oliveira, de 55 anos, uma das futuras vítimas, havia vendido uma propriedade por R$ 200 mil e recebido uma parcela de R$ 79 mil em dinheiro. Parte do plano era roubar esse valor, além de obter cartões, senhas e fazer saques em bancos.

Segundo o delegado Ricardo Viana, as dez mortes, que incluíram três crianças de 6 e 7 anos que foram carbonizadas em um carro com a mãe, foram premeditados. "As investigações mostram que o plano era executar toda a família", disse.

A execução do plano começou em 28 de dezembro, com sequestro e assassinato das primeiras vítimas, na chácara. Os bandidos, que conheciam a família, se dividiram e chegaram a simular que eram vítimas dos que chegavam ao local. Outras mortes ocorrem no local do cativeiro e em carros, na região de Unaí e Cristalina, em Goiás.

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