O segundo dia de greve no Metrô de São Paulo, que paralisa as Linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata nesta sexta-feira, 24, provocou superlotação nos trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) em Itaquera, na zona leste. Passageiros que não estão habituados com os trens também reclamaram da falta de informações dos funcionários sobre o melhor caminho a seguir na falta do metrô. As linhas do metrô atingidas pela greve operam apenas em pequenos trechos (veja no fim da matéria).
Por volta das 6h50, os passageiros da estação Corinthians-Itaquera, da Linha-3 Vermelha, uma das mais movimentadas da região, simplesmente não conseguiam embarcar nos trens com destino à Luz, na região central. As composições, vindas de Guaianases, já chegavam lotadas, o que os obrigava a aguardar ou "se espremer" nos vagões. A empregada doméstica Marta Carvalho, de 60 anos, esperou três trens antes de seguir viagem. Ela precisava chegar ao Paraíso, na zona sul. Já estava com meia hora de atraso em relação ao horário habitual.
Em caráter emergencial, funcionários da CPTM orientavam os passageiros sobre a disponibilização de carros extras. Às 7h04, o aviso de que o trem para Guaianases teria o seu sentido invertido para a Luz provocou corre-corre e tumulto nas plataformas. Ninguém se feriu.
Os acessos à plataforma também estavam lotados. Para controlar o fluxo dos passageiros que chegavam pelo terminal de ônibus, a CPTM instalou grades de proteção nas proximidades das escadas. As escadas rolantes foram desligadas como medida de segurança. Para comprovar as dificuldades de locomoção, passageiros faziam vídeos e fotos do trajeto. O agente de segurança Natan Tardio, de 30 anos, enviou as mensagens para a empresa para justificar o atraso – ele tinha de estar no Parque D. Pedro às 7h30 – faltavam 10 minutos.
A média de passageiros transportados na linhas atingidas pela greve é de quase 3 milhões em dias úteis. Nesse cenário, muita gente simplesmente desistiu. Foi o caso da cuidadora Odassi Nascimento, de 50 anos, que precisava chegar à Mooca. Normalmente, ela vai até o Tatuapé e, de lá, precisa pegar um ônibus. Sem Metrô, ela não conseguiu opções e decidiu avisar que faltaria ao trabalho – ela auxilia um senhor de 91 anos. Odassi reclamou que ninguém soube informá-la sobre um caminho alternativo.
As Linhas 4-Amarela e 5-Lilás funcionam normalmente, assim como todas as linhas da CPTM. As transferências da CPTM para o Metrô, entretanto, permanecem fechadas. O governo de São Paulo e a Prefeitura da capital deram ponto facultativo aos servidores públicos. O rodízio de veículos permanece suspenso, mas a Zona de Máxima Restrição à Circulação de Caminhões (ZMRC) e a Zona de Máxima Restrição ao Fretamento (ZMRF) estão mantidas.
O Metrô apresentou na madrugada desta sexta-feira uma proposta ao Sindicato dos Metroviários para encerrar a greve, com o retorno de 100% do efetivo às atividades. "A votação dos metroviários deve ocorrer em assembleia do sindicato, ainda pela manhã, e a expectativa do Metrô é que o serviço possa ser totalmente restabelecido. A proposta contempla o pagamento em abril de abono salarial no valor de R$ 2 mil e a instituição de Programa de Participação nos Resultados de 2023, a ser pago em 2024", disse a companhia em nota.
<b>Como estão funcionando as linhas do Metrô afetadas pela greve:</b>
– Linha 1-Azul: de Ana Rosa a Luz;
– Linha 2-Verde: de Alto do Ipiranga a Clínicas;
– Linha 3-Vermelha: de Santa Cecília a Bresser-Mooca;
– Linha 15-Prata: permanece fechada.