Estadão

Haddad diz que espera que nomes para BC cheguem rápido à CAE e não vê resistências no Congresso

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira, 8, que não acredita em resistência aos nomes indicados para o Banco Central. Haddad indicou nesta segunda seu secretário-executivo no ministério, Gabriel Galípolo, e o chefe de Departamento do BC, Ailton Aquino, para as diretorias de Política Monetária e Fiscalização, respectivamente.

"Não acho que terá resistências, são duas pessoas extremamente técnicas, muito bem vistas pelo Congresso Nacional, inclusive. O Gabriel tem transitado no Congresso, negociado agenda da Fazenda, tem boa relação com os presidentes e líderes. Acredito numa tramitação tranquila", disse o ministro, em entrevista coletiva no escritório do Ministério da Fazenda, em São Paulo.

Segundo Haddad, ele ainda não sabe quando a Casa Civil enviará os dois nomes à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, mas disse acreditar que o processo de tramitação será rápido. "Estou anunciando os nomes hoje e não sei quando a Casa Civil encaminhará à CAE. Mas autorizado pelo presidente da República, imagino que rapidamente chegue à CAE", disse.

<b> Maior integração </b>

O ministro da Fazenda afirmou que a indicação de Galípolo vai permitir "maior integração entre as políticas monetária e fiscal". Segundo ele, Galípolo é também a escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Estamos procurando entrosamento. Todo mundo sabe do esforço de parte a parte para permitir a coordenação maior das políticas fiscal e monetária, para dar direcionamento único das políticas do País", disse Haddad, sobre a indicação, reforçando que o próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, comentou que a indicação de Galípolo poderia aumentar a integração entre as equipes.

Segundo Haddad, sua equipe tem se reunido com o time do BC. A intenção, disse, é de "buscar convergência plena para dar condições de crescer com inflação baixa". O governo tem feito uma forte ofensiva contra o atual patamar de juros básicos, em 13,75% ao ano.

"A indicação vai nos permitir maior integração e maior coordenação. Vamos dividir informações e responsabilidades. Vamos poder estar mais próximos, vamos fazer chegar nosso ponto de vista, assim como recebemos dos técnicos do BC", disse o ministro, acrescentando que a indicação respeita a lei de autonomia da autoridade monetária.

Haddad ainda reforçou que Galípolo, caso confirmado pelo Senado, já vai assumir a diretoria de Política Monetária neste momento, e não nas vagas do fim do ano, como chegou a ser cogitado.

<b>Autonomia necessária</b>

O ministro da Fazenda rechaçou que a escolha de Galípolo para a diretoria de Política Monetária do Banco Central seja política, de modo a formar bancada na autoridade monetária a favor do governo.

Segundo Haddad, Galípolo, se confirmado pelo Senado, vai para o BC com a autonomia necessária para cumprir a lei e a missão do órgão, assim como os outros membros da diretoria colegiada da autarquia. Mas disse que o comando é a harmonia entre política monetária e fiscal.

"Não se trata de formar bancada. O Gabriel não é filiado ao PT é pessoa de absoluta confiança, que nunca teve atuação partidária e é conhecida pelo mercado. Eu posso dizer que é uma forçação de barra fazer essa associação como se fosse agir lá sem observar missão do BC", disse Haddad, em entrevista coletiva em São Paulo.

<b>Ida ao Japão</b>

Haddad embarca no período da noite para o Japão, onde participará, a convite, da reunião de ministros de finanças do G7, grupo das economias mais ricas do mundo.

Segundo o ministro, ele vai levar ao grupo questões da região, como a restrição da Argentina a divisas, que se tornou mais grave com a seca que atinge o país. "Penso que é importante o Brasil levar problemas regionais", disse, acrescentando que vai levar questões de democracia e paz, responsabilidade ambiental e sanitária. "Voltar à mesa das principais nações é importante para o Brasil."

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